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SILVIO OSIAS

50 anos depois, os Beatles disco a disco (12): The Beatles

Publicado em 11/04/2020 às 16:32 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:37

Nesta sexta-feira (10 de abril), fez 50 anos do fim dos Beatles.

Em tempo de isolamento domiciliar, estou reouvindo disco a disco e faço algumas observações.


				
					50 anos depois, os Beatles disco a disco (12): The Beatles

THE BEATLES (THE WHITE ALBUM), 1968

Uma faixa muito lembrada: While My Guitar Gently Weeps.

Uma faixa pouco lembrada: Honey Pie.

Lançado em novembro de 1968.

O maestro e produtor George Martin, o quinto beatle, considerava o álbum excessivo.

Dois discos! 30 faixas! Era muito! - dizia Martin.

Paul McCartney nunca gostou dessa conversa.

É o Álbum Branco dos Beatles! Ponto final! - respondia Paul.

Fico com Paul.

O White Album é o oposto do Sgt. Pepper, o disco que os Beatles fizeram um ano antes.

O Pepper tem unidade, a despeito da diversidade que há nas canções. É uma suíte pop com começo, meio e fim para ser ouvida integralmente. Traz uma sonoridade inovadora para o universo do pop/rock.

O Álbum Branco não tem essa unidade. É desigual. Uma extensa coleção de canções díspares.

Há excesso de elementos na capa do Pepper.

A do Álbum Branco é toda branca.

O título do Pepper é quilométrico: Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band.

O Álbum Branco nem título tem. Apenas o nome da banda: The Beatles.

Muitos dizem que o disco flagra o inicio dos estertores dos Beatles.

O próprio Lennon disse, certa vez, que era "John e a banda, Paul e a banda, George e a banda, Ringo e a banda".

Ele devia estar com a razão. Mas, paradoxalmente, isso não faz com que o álbum seja menos Beatles. Eles estão no auge da criatividade e oferecem um repertório irresistível que vai da ingenuidade de Ob-la-di Ob-la-da, de Paul, à radical experiência de John (e Yoko) com música concreta em Revolution #9.

São extremos.

Entre eles, tudo é possível.

Helter Skelter, de Paul, antecipa o metal.

Julia, de John, é apenas uma terna canção de amor filial.

Em While My Guitar Gently Weeps, George leva Eric Clapton, um deus da guitarra, para tocar com os Beatles.

Em Blackbird, Paul canta pelos direitos civis.

Em Yer Blues, John cita Dylan.

Em Honey Pie, Paul faz a música do tempo em que seu pai atuava como músico amador.

Em Revolution, John responde aos manifestantes divididos entre a violência e a não violência.

Há um rock que mistura Berry com os Beach Boys para dialogar com os soviéticos.

Há um "parabéns pra você" criado coletivamente após uma alegre sessão de cinema.

Há um "boa noite, durma bem".

Há um convite ao sexo: "por que não fazemos aqui mesmo na estrada?".

Há crítica social com porquinhos inspirada em Orwell.

Há até uma canção de amor dedicada a uma sheepdog de nome Martha.

Há tantas outras coisas.

Algumas, há meio século, provocavam uma certa estranheza. Hoje, não mais. Ou será que sim?

O ano de 1968 foi marcante.

Os Beatles do Álbum Branco são os Beatles de 1968.

Imagem ilustrativa da imagem 50 anos depois, os Beatles disco a disco (12): The Beatles

Silvio Osias

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