SILVIO OSIAS
A gente é tão besta, mas tão besta!, que compra álbum que Paul McCartney fez para ele mesmo
Publicado em 13/01/2021 às 7:26 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:53
"A gente é tão besta, mas tão besta!, que compra álbum que Paul McCartney fez para ele mesmo".
A frase não é minha. Ouvi de um fã. Mas posso concordar parcialmente.
Não que a gente seja besta, tão besta assim. Não. A gente admira o cara e acompanha a sua trajetória.
Mas que McCartney fez o álbum para ele mesmo, isso sim, parece verdadeiro.
McCartney III fecha uma trilogia. McCartney é de 1970. McCartney II, de 1980. O álbum novo é fruto do isolamento imposto pela pandemia do novo coronavírus.
O que há em comum entre os três discos é que McCartney os fez sozinho.
Para sermos verdadeiros, os três são toscos.
A despeito disso, McCartney tem uma das melhores canções do músico: Maybe I'm Amazed.
McCartney II, cheio de teclados eletrônicos, traz Coming Up, que se transformou num grande sucesso.
McCartney III não lembra os outros discos da trilogia. As músicas são parecidas com o que Paul vem fazendo ultimamente.
O canto não é mais o mesmo, já faz algum tempo. Normalíssimo num homem com quase 80 anos. A voz de sereia sílfide, como classificou o maestro Leonard Bernstein, é coisa do passado.
A assinatura de McCartney está presente em todas as faixas. É inconfundível. Até nos momentos menos inspirados, é inconfundível.
Mas quase tudo soa como uma brincadeira dele. Algo assim: "Estou aqui isolado, vou me divertir no estúdio, quem sabe experimentar um pouco".
Só que falta a pegada, nem digo dos melhores, mas dos bons discos de Paul McCartney.
McCartney III, provavelmente, é o disco mais fraco da trilogia iniciada em 1970.
O filtro do tempo dirá.
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