SILVIO OSIAS
A MTV Brasil era um verdadeiro lixo pop. De bom mesmo, só os especiais da série Unplugged
Publicado em 19/10/2020 às 6:18 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:54
Leio que, nesta segunda-feira (19), faz 30 anos da chegada da MTV ao Brasil.
Um verdadeiro lixo pop - é a lembrança que guardo do que nela vi.
Com uma exceção: a série de especiais Unplugged.
O que veio de fora e o que aqui foi produzido.
Comecemos com um pouco de história.
Está redondamente enganado quem atribui à MTV a criação do formato unplugged.
Ele já está, integralmente, no célebre especial que a NBC gravou com Elvis Presley em 1968.
O artista e seus músicos em cima de um tablado, com pequena plateia ao redor, numa performance informal e quase 100 por cento acústica.
Mas é claro que a MTV aperfeiçoou a ideia e realizou especiais memoráveis.
O de Paul McCartney virou disco oficial porque havia um bootleg no mercado. Tanto que o CD se chama o bootleg oficial.
O de Rod Stewart põe o artista sentado e o manda de volta aos primeiros anos, a melhor fase de sua carreira.
O de Bob Dylan é sóbrio, contido e à altura desse gigante da música americana do século XX.
O de Eric Clapton talvez seja o melhor de todos. O grande guitarrista troca suas guitarras elétricas por violões acústicos e nos dá uma incrível aula de blues.
Clapton, sua grande banda e uma plateia inteiramente magnetizada, com impecável captação de áudio e vídeo.
Foi grande sucesso em CD e na versão em VHS (mais tarde, DVD).
No Brasil, destaco o unplugged de Gilberto Gil, que reconciliou o artista com uma fatia do seu público que se afastara dele na sua fase pop.
Depois da gravação, Gil excursionou com o show acústico, lançado em CD e vídeo.
Muita gente aderiu ao projeto da MTV. Gal Costa, Paralamas do Sucesso, Jorge Ben Jor, Rita Lee, Paulinho da Viola, Cássia Eller, Titãs.
A marca conquistou espaço significativo no mercado fonográfico.
Até Roberto Carlos fez o seu MTV Unplugged.
Artista com contrato de exclusividade na Globo, o Rei gravou, mas a exibição, pela MTV, não foi autorizada.
Restaram aos fãs o CD e o DVD colocados no mercado algum tempo depois.
Todos esses especiais desplugados ficam, então, como evocação da MTV.
Do lixo pop e do modo de difundi-lo, prefiro esquecer.
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