SILVIO OSIAS
A música de Heitor Villa-Lobos é um documento sonoro que traduz e eleva o Brasil
Publicado em 17/11/2020 às 6:16 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:54
Heitor Villa-Lobos, o maior compositor do Brasil, morreu em 17 de novembro de 1959.
Há 61 anos, portanto.
Nesta terça-feira (17), a coluna traz um pouco de Villa-Lobos.
"A arte de Villa-Lobos significa a declaração de independência musical do Brasil" - resume Otto Maria Carpeaux no admirável livro Uma Nova História da Música, publicado um ano antes da morte do compositor.
Comecemos pelas Bachianas Brasileiras.
É sua obra maior. São nove peças que promovem o encontro do Brasil profundo com a herança de Bach.
O Trenzinho do Caipira é um dos movimentos da Bachiana No 2.
Na Bachiana No 4, escrita para piano e depois expandida para orquestra, a cantiga aprofunda o tema folclórico "ó mana deixa eu ir", enquanto o prelúdio fica, para muitos, como seu movimento mais marcante.
A primeira parte da Bachiana No 5 é uma das melodias mais amadas do Brasil.
Até mesmo por quem não sabe de onde ela vem.
Em Deus e o Diabo na Terra do Sol, Glauber Rocha só filmou a cena do beijo de Othon Bastos e Ioná Magalhães (uma das mais expressivas da nossa cinematografia) para inserir o tema que ouvimos com Bidu Sayão ou Maria Lúcia Godoy, Elizeth Cardoso ou Joan Baez.
"O coração é o metrônomo da vida!" Villa-Lobos
Para além das Bachianas, há muito o que ouvir em Villa-Lobos.
Tenho especial afeição pela Floresta do Amazonas.
É nela que está o canto Melodia Sentimental, que há muito migrou do terreno erudito para o popular.
São admiráveis A Prole do Bebê e o Rudepoema, escritos para piano.
Há quem destaque a série de 14 Choros.
Ou os Prelúdios, compostos para violão.
Ou o Concerto Para Violão e Orquestra.
Ou, ainda, O Descobrimento do Brasil.
Obra vasta, riquíssima, complexa, a desse imenso brasileiro.
Sua música é um documento sonoro a traduzir e elevar o Brasil.
É uma permanente declaração de amor ao lugar onde nascemos.
Mais do que nunca, precisamos ouvir Heitor Villa-Lobos.
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