SILVIO OSIAS
A política precisa de mais gays assumidamente gays como o senador Fabiano Contarato
Publicado em 01/10/2021 às 9:20
Lição de moral. Lembram da expressão? Ouvi muito na infância. "Fulano levou uma lição de moral!". Era forte. Não era brincadeira levar uma. Caiu em desuso, se não estou enganado. Talvez por causa do esgarçamento do nosso tecido social. O fato é que ressurgiu nesta quinta-feira (30), ao menos na minha cabeça, durante mais uma audiência da CPI da Covid.
Foi quando o senador Fabiano Contarato, da Rede, eleito pelo Espírito Santo, assumiu a presidência dos trabalhos e disse o que era preciso ser dito ao empresário bolsonarista Otávio Fakhoury. Fakhoury, que estava ali sendo ouvido por difusão de fake news, fizera, numa rede social, uma postagem de caráter homofóbico contra o senador.
Uma dia desses, Fabiano Contarato já pegara o ministro da Educação, Milton Ribeiro, numa abordagem dessas. Já dera uma contundente lição de moral no ministro. Delegado aposentado, o senador é gay, assumidamente gay, casado com um homem e pai de duas crianças. E diz o que não pode mais ser jogado para debaixo do tapete.
Precisamos de mais gays como o senador Fabiano Contarato na política brasileira. Penso assim. Faz tempo que defendo esse ponto de vista. Sim. Porque precisamos ultrapassar essa etapa do nosso processo civilizatório em que um candidato perde a eleição porque é gay. Ou porque não acredita em Deus.
Como cidadão, tenho esse sonho. O senador, aliás, invocou o "eu tenho um sonho", de Martin Luther King, tão bonito, mas ainda tão irreal, para falar dos seus sonhos "A minha família não é pior do que a sua" - disse Contarato a Fakhoury, num instante de grandeza e dignidade do nosso parlamento. Grandeza, dignidade e coragem!
Não é fácil fazer o que ele fez. Não é fácil se expor daquela maneira. Mas como é necessário. E como é admirável para nós, os que com o senador concordamos. Fabiano Contarato, senador da República pelo Espírito Santo, entre a razão e a emoção, enobrece o Congresso Nacional com sua postura e traz um alento. Faz a gente pensar que nem tudo está perdido nesse cenário de tanta devastação.
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