SILVIO OSIAS
A santíssima trindade do reggae agora está nos braços de Jah
Jimmy Cliff morreu aos 81 anos nesta segunda-feira, 24 de novembro de 2025.
Publicado em 24/11/2025 às 12:00

Jimmy Cliff morreu nesta segunda-feira, 24 de novembro de 2025. Aos 81 anos, teve uma convulsão e, em seguida, foi hospitalizado com pneumonia, a causa da morte.
Bob Marley morreu de câncer em maio de 1981. Tinha 36 anos. Peter Tosh foi assassinado num assalto em 1987. Estava com 42 anos. Agora, Jimmy Cliff.
Bob Marley, Peter Tosh, Jimmy Cliff. Formam a santíssima trindade do reggae que saiu da Jamaica para conquistar o mundo. Agora, estão para sempre nos braços de Jah.
O reggae jamaicano entrou na minha vida antes que eu soubesse o que era reggae. Foi por volta de 1970, através do single Vietnam, de Jimmy Cliff. Achei irresistível.
Vi Jimmy Cliff ao vivo em 1980, no Recife, na turnê com Gilberto Gil. Cheguei muito cedo ao ginásio Geraldão, acompanhei a passagem de som, conheci o lendário executivo André Midani, à época na Warner. Foi uma grande noite!
Uma década mais tarde (creio que no início de 1991), Jimmy Cliff, sozinho, fez uma nova turnê pelo Brasil. O show passou por João Pessoa, no Espaço Cultural José Lins do Rego.
Horas antes, fui entrevistá-lo no Hotel Tambaú. Eu costumava atuar somente nos bastidores da TV Cabo Branco, chefiando a redação e editando o JPB2, mas, naquele dia, fui para a externa. Dei uma de repórter.
Levei o amigo Waldir Dinoá como intérprete. É dele a minha foto com Cliff, essa que abre a coluna nesta segunda-feira em que recebemos a notícia da morte do artista.
Cumprimentei Jimmy Cliff efusivamente. Mas ele foi frio. Formal. Certamente, eu não entendi que, ali, não cabia nenhuma efusividade.
Eu perguntava em português. Waldir Dinoá traduzia para o inglês, e Jimmy Cliff respondia. Mais tarde, coloquei minha voz em off sobre as perguntas e respostas.
Conversamos exclusivamente sobre reggae. O significado da música, a força extraordinária do ritmo jamaicano, a repercussão internacional, a adesão dos brancos.
Achei curioso Cliff não reconhecer como importante o fato de músicos como Paul Simon, Eric Clapton, Paul McCartney, os Rolling Stones e Bob Dylan terem gravado reggae. Para ele, todos os méritos eram dos pretos da Jamaica e ponto final.
Nunca entrevistei Bob Marley nem Peter Tosh, mas, ao entrevistar Jimmy Cliff, estive com um dos gigantes do reggae.

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