SILVIO OSIAS
Alckmin só presta agora porque serve ao PT. Pois acho que ele serve ao Brasil
Publicado em 16/12/2021 às 6:43
A imagem (Foto: Reprodução) é de 2006. Do debate na TV Globo. Geraldo Alckmin disputou a eleição presidencial pelo PSDB, e Lula, a reeleição pelo PT. Não precisa dizer que Lula ganhou. É História. Em quatro eleições, entre 2002 e 2014, o PSDB foi derrotado pelo PT. Duas vezes com José Serra, uma com Alckmin, mais uma com Aécio Neves. Os tucanos eram fregueses. E, para os petistas, não valiam nada.
O tempo passou. A eleição presidencial de 2022 se avizinha, e temos aí o debate sobre uma chapa, digamos, inusitada. Lula presidente, Alckmin vice. Lula parece querer; Alckmin, também. Pode até não dar certo, mas os movimentos estão ocorrendo: esta semana, Alckmin, figura histórica do PSDB, deixou o partido. Para viabilizar a chapa, deve se filiar ao PSB ou ao PSD.
Em matéria de política, sou um ingênuo. O pragmatismo do PT ainda me incomoda. Pragmatismo, não. Vou dizer diferente: a cara de pau do PT anda me incomoda. O partido já tem mais de 40 anos, mas a sua cara de pau ainda me incomoda. Vou resumir mais ou menos assim: só presta quando serve ao PT. Itamar Franco, por exemplo, não servia quando desejava o apoio dos petistas para governar, mas era grande aliado quando deu apoio a Lula em 2002.
A aliança Lula/Alckmin, se ela ocorrer, é grande exemplo do pragmatismo do PT. Lula fará tudo (ou quase tudo), para voltar à Presidência em 2022. Até se unir a um tucano histórico e adversário ferrenho como Geraldo Alckmin. É o jogo político tal como ele se dá na vida real.
Acho condenável? Não, de modo algum. Acho bom para o Brasil. Uma grande chapa, com notável potencial de defenestrar Jair Bolsonaro do poder. Precisamos disto, e talvez este seja o melhor caminho.
Veremos petistas defendendo a chapa. Mais do que isto: defendendo Alckmin. Mas não nos enganemos. Só presta agora porque serve ao PT. Já votei muitas vezes em candidatos do PT, mas, como não sou petista, tenho distanciamento para dizer: Geraldo Alckmin já prestava antes. Não demonizemos os adversários experientes e civilizados. Convivamos com eles. É bom para a democracia.
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