SILVIO OSIAS
Alguns grandes filmes brasileiros
Publicado em 19/06/2016 às 5:55 | Atualizado em 31/08/2021 às 7:49
Hoje é o Dia do Cinema Brasileiro. A data remete à lembrança de grandes momentos da nossa cinematografia.
Se formos cronológicos, a primeira e inevitável lembrança é de “Limite” (1931), de Mário Peixoto. O “Dicionário de Cinema”, de Jean Tulard, fala do espírito vanguardista e do intimismo simbolista do único trabalho de Peixoto. Lima Barreto conseguiu realizar mais de um filme, mas muitos (inclusive Tulard) só mencionam seu nome por causa de “O Cangaceiro”. Western brasileiro que revelou à Europa o cinema da América Latina, diz o “Dicionário de Cinema”. Não é tão bom, mas é muito importante este filme de 1953.
Nelson Pereira dos Santos fez “Rio 40 Graus” quase uma década antes de “Vidas Secas”. O primeiro já antecipa alguma coisa que veríamos no segundo, mas este é que recebe o carimbo de Cinema Novo. Entre um e outro, há dois grandes filmes que os cinemanovistas rejeitam: “Assalto ao Trem Pagador”, de Roberto Faria, e “O Pagador de Promessas”, de Anselmo Duarte. “São Paulo S.A.”, de Luís Sérgio Person, e “Noite Vazia”, de Walter Hugo Khouri, são de 1964. “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”, de Roberto Santos, é de 1965. “O Bandido da Luz Vermelha”, de Rogério Sganzerla, de 1968. Todos necessariamente incluídos entre o melhor que o Brasil produziu.
Pouco mais de meio século nos separa da estreia de “Deus e o Diabo na Terra do Sol”. Tempo suficiente para pensarmos que este sim pode ser mencionado como o maior de todos os filmes brasileiros. O Glauber Rocha de “Terra em Transe” também é imprescindível. O país imaginário que ele revela traz os impasses do Brasil dos anos 1960 e ainda parece atual quando revisto hoje. “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro”, que o mundo conhece como “Antônio das Mortes”, é mais respeitado fora do Brasil. Martin Scorsese gosta de exibi-lo para seus atores antes de iniciar um novo trabalho.
E o Ruy Guerra de “Os Fuzis”? E o Carlos Diegues de “A Grande Cidade”? E o Leon Hirszman de “São Bernardo”? E o Paulo César Saraceni de “O Desafio”? E o Walter Lima Jr. de “Inocência”? E o Arnaldo Jabor de “Toda Nudez Será Castigada”? E o Eduardo Coutinho de “Cabra Marcado Para Morrer”?
Chegaremos, sim, na retomada e depois dela. No cinema que renasceu, apesar do governo Collor ter decretado sua morte. Renasceu, conquistou público aqui e respeito lá fora. Mas só o tempo definirá a dimensão de filmes ainda tão recentes (como "O Som ao Redor", de Kleber Mendonça Filho) e o papel reservado a eles na história de uma cinematografia.
Na foto, Othon Bastos em "Deus e o Diabo na Terra do Sol".
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