SILVIO OSIAS
Amy Winehouse teria feito 40 anos neste 14 de setembro. Tinha só 27 quando morreu, em julho de 2011
Publicado em 15/09/2023 às 7:08
Se estivesse viva, Amy Winehouse teria feito 40 anos nesta quinta-feira, 14 de setembro de 2023. Tinha somente 27 anos quando morreu, dividida entre o grande sucesso da sua música e um processo irreversível de decadência física e emocional.
No início da tarde de 23 de julho de 2011, a cantora britânica foi encontrada já sem vida na casa onde morava, em Londres, entrando, portanto, para a lista dos famosos do pop/rock que morreram com essa idade: Brian Jones, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison e Kurt Kubain.
Amy morreu dos muitos excessos que cometeu com drogas lícitas e ilícitas e também dos seus tormentos interiores. Se fizermos uma lista das grandes cantoras que traduziram esses tormentos com as grandes vozes que tinham, Amy é da linhagem de Billie Holiday, Edith Piaf, Maysa, Janis Joplin e Elis Regina.
A branca que tenta cantar como os negros, a carreira curta, a discografia mínima, os excessos, a morte aos 27. Muito nela remete a Janis Joplin. A soul music está nas duas, mas não há em Amy os blues de Janis. Nem em Janis o jazz de Amy. Janis era mais “diamante em estado bruto”, uma espontaneidade que se perdeu. Amy passa por uma produção impecável que resulta em Back To Black.
Sob contrato de uma gravadora importante, teve pouco menos de 10 anos de carreira. Gravou pouco. O primeiro disco, Frank, lançado em 2003, está aquém do seu talento. O segundo, Back To Black, é absolutamente extraordinário. Permanece como um dos melhores discos do século XXI.
Um disco impecável com uma grande voz é o que temos nesse álbum de 2006, extremamente bem produzido. A um só tempo, Back To Black é antigo e contemporâneo. Antigo porque remete sobretudo à música negra produzida nos Estados Unidos nas décadas de 1950 e 1960 (soul, blues, R & B, jazz). Contemporâneo porque traz para o presente, com uma sonoridade atual, essa música que se ouviu no passado. Back To Black é daqueles discos perfeitos que prendem o ouvinte do começo ao fim, e nele não se perde nem uma faixa.
A voz de Amy Winehouse é um espanto, tecnicamente já muito amadurecida, a expressar seus tormentos, a apontar para um desfecho trágico e muito previsível.
Há mais dois discos póstumos, com os méritos e os defeitos dos discos póstumos, mas o legado de Amy Winehouse, se formos rigorosos, é seu belo contralto tal como foi registrado no álbum Back To Black.
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