SILVIO OSIAS
Andar com fé. Em vídeo, amigos festejam 78 anos de Gilberto Gil
Publicado em 26/06/2020 às 6:26 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:36
Gilberto Gil faz 78 anos nesta sexta-feira (26).
Comemora com uma live às oito da noite.
No YouTube, amigos e familiares festejam o aniversário de Gil num vídeo em que todos cantam Andar Com Fé.
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GILBERTO DE PERTO. A PRIMEIRA VEZ
Primeiro de abril de 1975, cinco da tarde. Na sala da direção do Teatro Santa Roza, estavam os jornalistas Agnaldo Almeida e Carlos Aranha, os radialistas Francisco Ramalho e Walter Cartaxo, e dois adolescentes que davam os primeiros passos na imprensa paraibana, eu e Walter Galvão. O entrevistado foi pontual: Gilberto Gil, 32 anos, cinco discos autorais de estúdio, dois anos e meio de exílio em Londres após ser preso pelo governo brasileiro; oito de carreira, se tomarmos como referência o LP Louvação, de 1967.
Aos 15 anos, intimidado pelos mais velhos, não fiz perguntas. Na despedida, conversei um pouco com Gil. Perguntei pelo conjunto (ainda não usávamos banda) que o acompanhava. Era um trio inspirado no Jimi Hendrix Experience, me disse. Ele no violão (ou guitarra), Moacir Albuquerque no baixo, Chiquinho Azevedo na bateria.
Gilberto Gil tocava em João Pessoa pela segunda vez. Na primeira, em 1967, ainda não era nacionalmente conhecido. Fazia uma temporada no Teatro Popular do Nordeste, no Recife, e passara por aqui, no mesmo Santa Roza, para mostrar suas músicas pré-tropicalistas. Em 1975, estava prestes a fazer um dos seus discos mais importantes, o Refazenda. Naquela noite, fui vê-lo no palco.
O show começava com uma música cuja letra parece ter se perdido: The Sound of the End of a Time. Não está no livro Todas as Letras, organizado por Carlos Rennó. O registro que ficou conhecido é o da versão em Português, Ê,Povo, Ê, que apareceria logo depois em Refazenda. Outra música do set list esquecida pelo autor (também não está em Todas as Letras) contava a história verdadeira de um casal que subira numa árvore para que esta não fosse derrubada. Gil improvisava sobre o tema, acompanhando-se ao dúlcimer, instrumento semelhante ao tricórdio que o pernambucano Lula Cortes nos apresentou.
O show durava três horas. Procissão, do disco de estreia, anterior ao Tropicalismo, fora transformada em blues. Cantiga de Sapo, que ouvíamos com Jackson do Pandeiro, formava um medley com O Sonho Acabou, composta no exílio depois do dream is over de John Lennon. Expresso 2222, Oriente e Back in Bahia vinham do disco Expresso 2222, lançado na volta ao Brasil, em 1972. Lugar Comum, parceria com João Donato, estava no álbum ao vivo do ano anterior. As raízes se misturavam às antenas que o compositor apontava para o futuro, sintetizando o que ele é nos palcos e nos estúdios.
Ciência, religião, arte, política. Os pés fincados nas fontes. Os braços abertos para o novo. A vontade de unir, mais do que de provocar rupturas. O espírito conciliador em curioso contraponto ao desejo de mudança. Pensamos nestes temas e questões quando ouvimos suas canções. Ou sua fala articulada e fluente. O menino que queria ser “musgueiro” se transformou num dos grandes artistas do Brasil. E conquistou dimensão internacional. É um presente ser seu contemporâneo e tê-lo como amigo.
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Sigo com meus discos preferidos de Gil.
Vejam as capas.
GILBERTO GIL, 1968
EXPRESSO 2222, 1972
GILBERTO GIL AO VIVO, 1974
GIL E JORGE, 1975
REFAZENDA, 1975
REFAVELA, 1977
REALCE, 1979
RAÇA HUMANA, 1984
QUANTA, 1997
OK OK OK, 2018
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