SILVIO OSIAS
Anitta arrasou em Girl from Rio. Música e vídeo são irresistíveis
Publicado em 01/05/2021 às 7:48 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:51
Pra começo de conversa, adoro Antônio Carlos Jobim. É o maior compositor popular do Brasil. Tenho todos os discos, vi ao vivo e permanece nas minhas audições.
Sua (e de Vinícius de Moraes) Garota de Ipanema é símbolo de uma época e, quase 60 anos depois, ainda é uma das canções mais conhecidas em escala planetária.
Os puristas perderão o sono. Como não sou um deles, quero dizer que adorei Girl from Rio, o novo single de Anitta, lançado nesta sexta-feira (30) depois de uma poderosa campanha de marketing.
Em Girl from Rio, a Garota de Ipanema de Tom e Vinícius é desconstruída e reconstruída. Fundida a um trap, contrapõe, num vídeo lindo e muito bem realizado, um Rio com o glamour dos anos dourados a um Rio real, que tem tudo a ver com o lugar de onde Anitta veio.
A música é ótima. A letra, também. E a passagem da bossa nova para o trap é perfeita.
Anitta está muito bem no papel da garota do Rio imaginado e, naturalmente, está completamente à vontade no Rio verdadeiro, de mulheres de carne e osso e celulite em suas bundas.
Se querem saber, ouço Beatles e Duke Ellington, Miles Davis e Villa-Lobos, João Gilberto e Paulinho da Viola, mas há muito pulei fora de uma "elite" de consumidores de música.
Anitta era uma garota pobre do Rio de Janeiro e hoje é uma estrela pop, com inserção no mercado internacional da música popular.
É, admiravelmente, uma vitoriosa. Tem talento e inteligência e faz a música do seu tempo.
Vou eu, então, me cercar de preconceitos em relação a ela e ao seu sucesso?
Eu, não!
A campanha feita nos dias que antecederam o lançamento de Girl from Rio me deixou curioso para ouvir a música, e a audição só confirmou: Anitta é foda! (o palavrão está liberado para articulistas depois do "foda-se" do general Augusto Heleno).
Uma vez, há muitos anos, mostrei a Moacir Santos a desconstrução a que Wilson Simoninha submetera a sua Nanã, e Moacir, com indisfarçável alegria, me disse: "Nunca pensei que a minha Nanã fosse tão longe".
É o que imagino que, ao ouvir Girl from Rio, Tom diria da sua Garota de Ipanema, se ainda estivesse entre nós.
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