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SILVIO OSIAS

Artista multifacetado que orgulha a Paraíba, W.J. Solha faz 80 anos neste 14 de maio

Publicado em 14/05/2021 às 7:00 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:51


				
					Artista multifacetado que orgulha a Paraíba, W.J. Solha faz 80 anos neste 14 de maio
W. J. Solha é contista, roteirista, cordelista, produtor, dramaturgo, diretor, ator e artista plástico

Meu pai e Roberto Peixoto eram amigos desde a infância.

Cresci com a presença de Roberto lá em casa.

Antes de descobrir Jesus Cristo, acho que, como meu pai, era ateu e gostava mesmo de ciência.

Um dia, 1969, 1970, chegou com um colega de trabalho.

Waldemar José Solha.

W.J. Solha.

Solha, simplesmente.

Nascido em Sorocaba, Solha fizera concurso do Banco do Brasil e, aos 21 anos, em 1962, resolveu que ia trabalhar em Pombal, no Sertão da Paraíba.

Astrônomo amador, meu pai rastreava satélites artificiais para um instituto americano (o Smithsonian) que prestava serviços à Nasa.

Era a astronomia que levara Solha ao meu pai. Queria saber de umas coisas para um livro que pretendia escrever.

O livro (A Verdadeira Estória de Jesus), uma ficção que certamente provocaria polêmica, negava a existência de Cristo. Ele seria apenas a criação de quatro homens que se reuniram para escrever uma história.

Àquela altura, Solha já não era mais somente um funcionário do Banco do Brasil.

Era um artista movido por extraordinário talento e grandes inquietações.

A produção dele e de José Bezerra Filho do primeiro filme paraibano de longa-metragem - O Salário da Morte, baseado no livro Fogo, de Bezerra - levara os dois à falência.

Mas, menos de meia década depois, ganharia o importante Prêmio Fernando Chinaglia com o romance Israel Rêmora, O Sacrifício das Fêmeas.

A Canga, uma novela dedicada ao cineasta Sam Peckinpah, viraria um filme amador, na bitola Super 8, e, anos mais tarde, um filme realizado em padrões profissionais sob a direção de Marcus Villar e com fotografia de Walter Carvalho.

Um dos pontos altos da trajetória de Solha foi a Cantata Para Alagamar. Texto dele, música de José Alberto Kaplan, argentino que fez da Paraíba a sua casa.

A cantata, escrita em forma de cordel, registrava, em música e poesia, um conflito de terra ocorrido na Paraíba na segunda metade da década de 1970.

O arcebispo Dom José Maria Pires apoiou a luta dos trabalhadores, e é essa luta que Solha e Kaplan narram em sua peça.

A Cantata Para Alagamar reuniu três homens chamados José - assinalou o arcebispo. Um pastor do rebanho cristão, um judeu e um escritor que dizia não acreditar em Jesus.

Solha é escritor de ficção em prosa, ator de cinema e teatro, artista plástico, poeta, dramaturgo. Fez publicidade. Até sindicalista ele já foi, quando era funcionário do Banco do Brasil. E, agora, brilha escrevendo compulsivamente nas redes sociais.

É mais do que um homem culto, de notável erudição e impressionante poder de expressão oral.

Solha é um grande artista, multifacetado, dos nossos maiores, a quem a Paraíba deve muito e que muito deve nos orgulhar.

Sua última proeza foi atuar em O Som ao Redor, primeiro filme de longa-metragem dirigido pelo pernambucano Kleber Mendonça Filho, o cineasta de Aquarius e Bacurau.

Tomo a liberdade, em nome de uma amizade de décadas, de dizer que Solha não festejará seus 80 anos com a alegria que desejaria ter nesta sexta-feira, 14 de maio.

Perdeu um filho para o câncer, enfrenta problemas de saúde e, como homem de rara inteligência e singular sensibilidade, está deprimido com a atual tragédia brasileira.

Mas, para nós, que o admiramos profundamente e tanto gostamos dele, a data de hoje jamais seria esquecida como a dos 80 anos de Waldemar José Solha.

W.J. Solha.

Solha.

Parabéns!

Saúde pra você!

Imagem ilustrativa da imagem Artista multifacetado que orgulha a Paraíba, W.J. Solha faz 80 anos neste 14 de maio

Silvio Osias

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