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SILVIO OSIAS

Baby do Brasil, dos Novos Baianos ao fundamentalismo religioso

Publicado em 14/02/2024 às 7:54


                                        
                                            Baby do Brasil, dos Novos Baianos ao fundamentalismo religioso

O nome dela é Bernadete Dinorah de Carvalho Cidade, nascida em Niterói em julho de 1952. Está, portanto, com 71 anos. Para os da minha geração é Baby Consuelo, a cantora dos Novos Baianos. Depois trocou o Baby Consuelo por Baby do Brasil, e assim ficou.

Os Novos Baianos (Foto/Reprodução) foram um grande acontecimento da música popular brasileira no início da década de 1970. Se eles não tivessem feito mais nada, e fizeram, teriam deixado como legado Acabou Chorare, um dos melhores álbuns gravados no Brasil.

Misturaram samba com baião e rock, divididos entre um regional e um power trio com guitarra, baixo e bateria. Tinham as vozes de Baby, de Moraes Moreira e de Paulinho Boca de Cantor, o poeta Luiz Galvão, o compositor Moraes, a guitarra de Pepeu Gomes, o baixo de Dadi e a bateria de Jorginho. Além da inspiração de João Gilberto.

"Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor", por sugestão de João, atualizaram lindamente o samba que Assis Valente escreveu na época da política de boa vizinhança. "Preta, preta, pretinha", quem não lembra, quem não cantou no Brasil de 1972/73 e canta até hoje?

Sorrir e cantar como Bahia. Só se não for brasileiro nessa hora. Aí já não é mais Acabou Chorare. É Novos Baianos Futebol Clube, outro discaço. Está tudo no HD da minha memória afetiva, enquanto os discos físicos permanecem no meu acervo.

Moraes Moreira deixou os Novos Baianos. O grupo seguiu sem ele. Caia na estrada e perigas ver. Em 1980, vi essa galera ao vivo numa noite inesquecível na concha acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador. Era noite de carnaval na Bahia antes da axé music.

Se Moraes Moreira foi o primeiro cantor de um trio elétrico (o de Dodô e Osmar, naturalmente), Baby Consuelo foi a primeira mulher a cantar em cima de um trio, o dos Novos Baianos. Isso é história do carnaval da Bahia, do carnaval brasileiro.

Moraes seguiu sozinho. Baby também, assim como Pepeu. Houve reencontros, como costuma haver. Moraes morreu. Galvão morreu. Baby, não mais Consuelo, mas do Brasil, virou evangélica. Mas esse não é o problema. Há milhões de evangélicos no Brasil, do mesmo modo que há milhões de católicos.

O problema não é a religião que a pessoa tem. Isso é um direito que a Constituição assegura a todos. O mesmo direito assegurado a quem não quer ter religião alguma. O problema é quando a prática religiosa é contaminada pelo fundamentalismo, o que parece ser o caso de Baby.

Nesse carnaval que acabou há pouco, Baby do Brasil e Ivete Sangalo protagonizaram uma cena improvável. Em plena folia, em Salvador, Baby resolveu trocar o profano pelo religioso e, no encontro das duas cantoras, disse que o apocalipse está vindo em cinco ou dez anos.

Ivete foi apanhada de surpresa com a pregação da colega e, de cima do trio, sem perder a ternura, reagiu dizendo que não vai haver apocalipse, para em seguida cantar Macetando, o grande hit do carnaval de 2024. Claro que a reação de Ivete considerou o fato de que Baby tem história na música popular brasileira.

Não acredito que Baby esteja maluca. Como não creio que ela esteja ali à toa. Muito provavelmente, há método no que está fazendo. Mas lamento que tenha percorrido um caminho que foi dos Novos Baianos ao fundamentalismo religioso.

Imagem ilustrativa da imagem Baby do Brasil, dos Novos Baianos ao fundamentalismo religioso

Silvio Osias

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