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SILVIO OSIAS

Bacurau segue como grande cinema

Faz cinco anos da estreia do filme de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles.

Publicado em 30/08/2024 às 7:37


				
					Bacurau segue como grande cinema
Foto/Divulgação.

O cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho é jurado no Festival de Veneza. Um ano após Retratos Fantasmas, acabou de filmar O Agente Secreto, seu novo trabalho. E está fazendo cinco anos da estreia de Bacurau, seu terceiro longa-metragem de ficção.

Em 2019, o significado político de Bacurau tinha muito a ver com o momento do Brasil. Era o primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro. Isso passou, mas o filme de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles segue como grande cinema.

Na coluna desta sexta-feira, 30 de agosto de 2024, resgato trechos do que escrevi na estreia de Bacurau. O texto dá conta do que vivíamos em 2019.

O Som ao Redor, 2012. Aquarius, 2016. Bacurau, 2019. Kleber Mendonça Filho é um dos grandes cineastas do mundo. Bacurau é uma experiência impactante.

Se há algo que me impressiona imensamente em Kleber Mendonça Filho é o domínio absoluto que ele tem do seu ofício. O cineasta está no grupo dos que migraram com êxito da crítica para a direção. Antes de qualquer coisa, aos cinéfilos, Kleber proporciona um grande prazer estético.

Bacurau é filme realizado por quem pensa o cinema. A habilíssima manipulação dos gêneros, a construção de climas, a tensão permanente, o uso de trilhas preexistentes, o diálogo com o passado (do cinema) e a rara capacidade de atualizá-lo - tudo junto e misturado para levar o espectador à catarse final.

As vozes de Gal Costa, Sérgio Ricardo e Geraldo Vandré falam sobre o cinema do Brasil dos anos 1960 (Brasil Ano 2000, Deus e o Diabo na Terra do Sol, A Hora e a Vez de Augusto Matraga) e conectam passado, presente e futuro.

Pensei em filmes do Cinema Novo que permanecem assustadoramente atuais. Mas sei que eles são herméticos. O filme de Kleber se passa num futuro próximo e conversa com a gente sobre o presente. Esse lugarejo chamado Bacurau sintetiza no micro o que vemos no macro.

Bacurau está sendo chamado de cinema de resistência. Sua estreia ocorre no momento em que o governo brasileiro tenta dizimar a produção nacional de audiovisual. O filme de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles é um eloquente contraponto a esta ameaça.

É resistência como produto, é resistência como chamado à luta. Bacurau é um significativo acontecimento político. Mas é também um acontecimento estético. É o que permitirá que atravesse o tempo como grande cinema.

Foto/Divulgação

Silvio Osias

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