SILVIO OSIAS
Cinema por Escrito, de Antônio Barreto Neto, é relançado neste sábado em João Pessoa
Publicado em 12/08/2022 às 10:35
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Cinema por Escrito será relançado neste sábado (13) em João Pessoa. O livro reúne críticas de Antônio Barreto Neto publicadas em A União nas décadas de 1960, 1970 e 1980. A organização é deste colunista. O relançamento será às 10 da manhã na Fundação Casa de José Américo, seguido da reabertura do Cineclube O Homem de Areia.
Na apresentação de Cinema por Escrito, escrevi:
Antônio Barreto Neto fez crítica de cinema a partir do início da década de 1960, num momento em que os jornais (não só os da Paraíba) investiam nesse tipo de atividade. O espaço já havia sido ocupado por Linduarte Noronha e Vladimir Carvalho, que logo se notabilizaram realizando filmes. Mas Barreto era o melhor, asseguram os que o leram na época áurea da Associação dos Críticos Cinematográficos da Paraíba, a ACCP. Inclusive os colegas de crítica. Tinha mais estilo, o texto impecável, o domínio da simplicidade sem comprometimento do conteúdo. E era uma grande figura, querido por todos nas redações por onde passou. Gostava de contar histórias quase sempre engraçadas e não tinha o hábito de exibir conhecimentos - um traço da ausência de vaidade. O ato de comentar os filmes era tão natural que jamais transformava aquele exercício diário numa atividade que o tornasse arrogante.
Retirei das críticas de Barreto um pouco do que ele escreveu sobre grandes cineastas. É o que se segue:
CHARLES CHAPLIN
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Legou-nos um símbolo de humanidade imperecível, que haveremos de ter sempre ao nosso lado, ligado a nós por filamentos de ternura e participando, numa mistura de riso e entalo na garganta, de nossas privadas pantomimas.
FRANK CAPRA
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Capra é, além de um grande artista, um grande humanista. Seu profundo sentimento do mundo, sua inabalável fé na bondade do homem, seu otimismo eufórico e bem-humorado são atributos essenciais deste filme apólogo A Felicidade Não se Compra.
INGMAR BERGMAN
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Para o angustiado Bergman, a arte não tem mais nenhum poder, nenhuma possibilidade de influenciar a vida. Não é mais uma forma de conhecimento humano. É um universo irreal, abstrato, povoado de fantasmas.
PIER PAOLO PASOLINI
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Chamado de demagogo reacionário pela esquerda festiva e de marxista agnóstico pela direita radical, Pasolini é um homem sensível ao fenômeno social e religioso no plano onde não é mais o estudioso que procura uma explicação, mas o artista que se deixa levar fascinado pelo assunto.
MICHELANGELO ANTONIONI
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Toda a sua obra tem sido uma profunda meditação sobre o impasse do homem contemporâneo diante daquilo que o cineasta chama de transformação antropológica, ou seja: as mudanças impostas pelo desenvolvimento tecnológico e a impossibilidade de o homem compreendê-las e agir sobre elas.
FEDERICO FELLINI
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Como legítimo poeta, Fellini reinventa a realidade ao sabor da fantasia. Seu universo cinematográfico - um mundo estranho e fascinante, situado nas fronteiras entre o real e o mágico - é uma criação mais da imaginação do que da memória.
GLAUBER ROCHA
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Seus filmes formam um painel ideológico de intuições agudas e surpreendente senso profético, um universo aparentemente caótico, mas extraordinariamente lúcido, no qual as contradições de nossa convulsionada realidade nacional e continental se acham recriadas na própria estrutura da linguagem.
LUCHINO VISCONTI
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Visconti não faz comício, não posa de sociólogo, nem arma polêmicas estéreis. O fato de enfocar os problemas de um ponto de vista marxista, não incompatibiliza, nele, o político com o esteta.
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