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SILVIO OSIAS

Clint Eastwood, esse gigante do cinema, faz 95 anos

Aniversário do ator e diretor americano é no sábado, 31 de maio de 2025.

Publicado em 29/05/2025 às 6:52


				
					Clint Eastwood, esse gigante do cinema, faz 95 anos
Foto/Reprodução.

Clint Eastwood faz 95 anos neste sábado, 31 de maio de 2025. O ator e diretor americano, esse gigante, é um dos maiores cineastas do mundo.

É interessante observar seu caminho. Nascido na Califórnia em 31 de maio de 1930, ele precisou sair dos Estados Unidos para se projetar mundialmente.

Nos anos 1960, foi para a Itália fazer os chamados westerns spaguetti sob a direção de Sergio Leone. Na época, os amantes do gênero detestaram esses filmes.

Formam a trilogia do homem sem nome: Por um Punhado de Dólares (1964), Por Uns Dólares a Mais (1965) e Três Homens em Conflito (1966).

De detestados pelos cultores do western, se transformaram em filmes cultuados por cinéfilos do mundo inteiro. Quentin Tarantino diz que é a melhor trilogia do cinema.

O italiano Leone foi mestre de Eastwood. Mas houve outro: o americano Don Siegel, com quem fez Perseguidor Implacável e o admirável O Estranho que Nós Amamos.

Lá na frente, no início dos anos 1990, Clint Eastwood dedicou um dos seus melhores filmes - Os Imperdoáveis - a Sergio Leone e Don Siegel, já mortos àquela altura.

Os Imperdoáveis, de 1992, Oscar de Melhor Filme e Melhor Diretor, é uma verdadeira obra-prima. Recupera o gênero western e atualiza seus temas centrais.

Em seu Dicionário de Cinema, Os Diretores, o historiador francês Jean Tulard escreveu: Quem diria que o herói empoeirado e mal barbeado dos westerns italianos dirigidos por Sergio Leone se transformaria num dos maiores cineastas do Novo Mundo?

Clint Eastwood se fez como ator. O diretor foi tardio. A estreia promissora ocorreu somente quando já tinha 41 anos, em 1971, com o thriller Perversa Paixão.

O primeiro western que dirigiu, O Estranho Sem Nome (1972), reedita o homem sem nome e parece mais com um spaghetti de Leone do que com um western americano.

John Ford, o maior cineasta dos Estados Unidos, era um reacionário de direita que realizou alguns dos melhores filmes do mundo. E não eram filmes de direita.

Como Ford, Clint Eastwood também é um reacionário de direita, mas não o seu cinema. Juntos, os 40 filmes que dirigiu compõem um admirável painel da América.

Já escrevi várias vezes aqui mesmo na coluna e repito agora, nos 95 anos de Clint Eastwood: são retratos do processo civilizatório, das engrenagens do poder, do espírito bélico, da corrupção, da violência, do racismo, dos perdedores, dos seus artistas - de um país que tanto separa os homens pela cor da pele quanto lega o jazz ao mundo.

Clint Eastwood diretor seria o encontro de Sergio Leone com Don Siegel? Afinal, reconhece os dois como seus mestres. Se a resposta é sim, a filmografia que construiu mostra, no entanto, que ele é muito, mas muito maior do que os dois.

Amante do jazz, autor de temas minimalistas, Clint Eastwood fez de Bird, de 1988, cinebiografia do gênio Charlie Parker, um dos pontos altos da sua filmografia. 

As Pontes de Madison, de 1995, é uma história de amor narrada com extraordinária sensibilidade. Um Mundo Perfeito, de 1993, é vigoroso road movie.

Sobre Meninos e Lobos, de 2003, e Menina de Ouro, de 2004, são pequenas obras-primas. Menina de Ouro repetiu as estatuetas (filme e diretor) de Os Imperdoáveis.

A Conquista da Honra e Cartas de Iwo Jima, realizados simultaneamente em 2006, oferecem visões antagônicas de uma mesma guerra.

Invictus, de 2009, dá aula de política ao retratar um líder da estatura de Nelson Mandela. J. Edgar, de 2011, fala dos subterrâneos da política, de sexo e poder.

A vocação intervencionista dos Estados Unidos e os traumas que esta provoca na sociedade americana estão em Sniper Americano, de 2014.

O Caso Richard Jewell, de 2019, tem a ameaça do terror, a cultura do medo, a força da mídia e o poder discricionário do Estado e suas instituições. É magistral.

Em 2024, aos 94 anos, Clint Eastwood lançou seu quadragésimo filme como diretor. O último, talvez. Dessa vez, não atuou como ator. Jurado # 2 também é magistral.

Parceira de muitos anos e tantos filmes, a Warner não quis botar Jurado # 2 nas salas de cinema do mundo. O filme - uma pena - foi direto para as plataformas digitais.

Filme de juri, filme de tribunal, Jurado # 2 acrescenta ao painel da América montado por Clint Eastwood uma fotografia da Justiça, suas verdades, manipulações e erros.

Como diretor, Clint Eastwood faz cinema com sobriedade e honestidade. Sem firulas, com a habitual contenção do modelo narrativo que há muito adotou.

Reza a lenda que Clint Eastwood não diz "ação" nem "corta". Mais sutil com o elenco e a equipe de técnicos, prefere dizer "go" e "ok".

Como diretor, Clint Eastwood tem uma assinatura inconfundível. Aprendeu a fazer um cinema sem excessos. Como quem prefere o mínimo e, com ele, faz o máximo.

Foto/Reprodução

Silvio Osias

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