SILVIO OSIAS
Como Billie Holiday era bonita!
A maior cantora do jazz teve uma vida trágica e morreu aos 44 anos.
Publicado em 17/07/2025 às 7:28

Qual a maior de todas as bandas de rock? Os Rolling Stones, é claro. Sim, mas e os Beatles? Bem, os Beatles são de um patamar à parte. Ninguém os alcançou.
Faço o mesmo raciocínio se o tema for as cantoras de jazz. Qual a maior de todas as cantoras de jazz? Ella Fitzgerald, é claro. Ella e seu incrível jeito de fazer scat, Ella e os songbooks do cancioneiro americano gravados nos anos 1950 e 1960.
Sim, e Billie Holiday? Bem, Billie Holiday é de um patamar à parte. Ninguém - nem mesmo Ella Fitzgerald - jamais conseguiu alcançá-la.
Batizada Eleonora Fagan Gough, Billie Holiday nasceu na Filadélfia em sete de abril de 1915 e morreu em Nova York em 17 de julho de 1959. Tinha apenas 44 anos.
Billie Holiday, conhecida como Lady Day, teve uma vida trágica. Miséria, violência sexual na infância, prostituição na adolescência, álcool e drogas por toda a vida.
Os tormentos da sua vida breve estão traduzidos no canto extraordinário que deixou registrado nos discos gravados da década de 1930 à de 1950.
O melhor de Billie Holiday está no tempo em que esteve sob contrato da Columbia. São os muitos discos de 78 rpm gravados de 1933 a 1944.
Com 10 CDs, o box Lady Day - The Complete Billie Holiday on Columbia traz todas as gravações desse período. São 250 faixas, e nada se perde.
Já a fase do selo Verve - nos anos 1950 - aparece toda num box com seis CDs. Complete Verve Studio Master Takes reúne 100 faixas dos últimos anos de Billie.
Do ponto de vista técnico, as gravações da Columbia têm as limitações da época. As da Verve, feitas na era dos LPs, são tecnicamente muito melhores.
Mas, nos anos 1950, a voz de Billie Holiday já estava nitidamente marcada pelos excessos que cometia. Não era tão cristalina quanto a dos anos da Columbia.
Há muitos anos, num compêndio francês sobre o jazz, li que havia algo de infantil no canto de Billie Holiday e também um certo toque de perversidade.
Billie Holiday não se imaginava cantora. Reza a lenda que, na miséria, certa vez ela procurou emprego como dançarina num bar, mas não havia vaga.
O dono do bar disse, então, que tinha vaga para cantora e perguntou se ela sabia cantar. "Cantar, ora, todo mundo sabe!" - foi a resposta dela. Naquele momento, Eleonora Fagan Gough começou a se transformar em Billie Holiday.
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