SILVIO OSIAS
Cynara foi protagonista de um momento histórico da música popular brasileira
Publicado em 12/04/2023 às 10:39
A cantora Cynara (Foto/Reprodução Instagram) morreu nesta terça-feira (11). Para muita gente, essa baiana de 78 anos não tem qualquer importância, nem conhecida é. Mas, quem ouviu a música popular brasileira produzida sobretudo nas décadas de 1960 e 1970, sabe que ela é parte de um capítulo da MPB que não pode ser esquecido.
Cynara, Cybele, Syva e Cylene. No início, ainda na fase do amadorismo, elas eram As Baianinhas. Trocaram a Bahia, onde nasceram, pelo Rio de Janeiro, onde se profissionalizaram e foram batizadas como Quarteto em Cy. Abençoadas por Vinícius de Moraes e Dorival Caymmi, com eles gravaram um antológico disco ao vivo.
1964. Profissionalmente, tinham a mesma idade do MPB4, outro grupo vocal importantíssimo daquele tempo. Seus caminhos se cruzaram muitas vezes nos estúdios e nos palcos. Até na vida pessoal: Cynara foi casada com Ruy Faria, um dos integrantes fundadores do MPB4.
Nos Estados Unidos, acompanhando Dorival Caymmi, foram chamadas The Girls From Bahia. Mas, para nós, brasileiros, Cynara e suas irmãs eram mesmo o Quarteto em Cy, de vozes afinadíssimas, de harmoniosos vocais e intérpretes do melhor repertório da MPB, sobretudo dos autores da geração delas.
O Quarteto em Cy originou uma dupla: Cynara e Cybele. Em 1968, elas foram protagonistas de um momento histórico. No Festival Internacional da Canção, cantaram Sabiá, de Tom Jobim e Chico Buarque, e receberam estrondosa vaia do público, que preferia Caminhando, de Geraldo Vandré. Saíram vencedoras, com vaia e tudo.
Caminhando combinava mais com a turbulência que o país vivia, mas não tinha nem a beleza nem o lirismo de Sabiá, cuja letra fala da saudade que o exilado tem do seu lugar. Cybele morreu em 2014 aos 74 anos. Cynara nos deixa agora em 2023, aos 78. Sem elas, o Quarteto em Cy só existe em nossa memória.
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