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SILVIO OSIAS

Desqualificar os institutos de pesquisa deve ser discurso da direita, não da esquerda

Publicado em 05/10/2022 às 10:23


                                        
                                            Desqualificar os institutos de pesquisa deve ser discurso da direita, não da esquerda

No primeiro turno, o presidente Jair Bolsonaro foi explícito ao questionar a confiabilidade das urnas eletrônicas. Ele e seus aliados fizeram abertamente campanha contra as urnas - tema abordado até naquela reunião do presidente com um grupo de embaixadores, em episódio que envergonhou o Brasil no exterior.

O resultado das urnas tirou de Bolsonaro as condições de questionar as urnas eletrônicas. Primeiro, porque ele teve muito mais votos do que as pesquisas apontavam. Depois, porque o eleitor deu expressiva vitória à extrema-direita, escolhendo senadores e deputados claramente bolsonaristas.

Sob a ótica do bolsonarismo, o segundo turno recomenda que as urnas eletrônicas sejam postas de lado. Elas se mostraram eficientes e ponto. O novo alvo agora são os institutos de pesquisa. Eles atuaram contra Bolsonaro, e é necessário que respondam por isto - bradam os bolsonaristas.

Nesta terça-feira (04), vi nas redes sociais e recebi mensagens de eleitores de Lula questionando, igualmente, o trabalho dos institutos. Aos que pude, contei uma história: em 2010, cinco dias antes, era dada como certa a vitória do governador José Maranhão em primeiro turno. Ele derrotaria facilmente o ex-prefeito Ricardo Coutinho.

Na véspera da votação, a pesquisa do Ibope continuava registrando o favoritismo de Maranhão, mas as pessoas que liam bem os números e conseguiam sobrepor a razão à emoção certamente identificaram que a vitória do então governador sobre Ricardo deixara de ser inquestionável.

Não deu outra. Os eleitores estavam se movendo rapidamente, e no domingo, três de outubro de 2010, botaram José Maranhão e Ricardo Coutinho muito próximos um do outro, jogando a disputa para o segundo turno. No dia 31 de outubro, o vitorioso foi Ricardo, que, a partir dali, governaria a Paraíba por oito anos.

Agora, quando vejo os bolsonaristas questionando os institutos de pesquisa, não me surpreendo. É estratégico que façam assim, estão no papel deles. Mas, quando vejo os eleitores de Lula questionando os institutos de pesquisa, lembro a eles que esse discurso deve ser da direita (vejam o Twitter que ilustra a coluna), não da esquerda.

Os 48 por cento que Lula obteve estavam na previsão dos institutos. É fato que os 43 por cento obtidos por Bolsonaro não estavam. Mas já apareciam nas pesquisas os indicativos de que havia esse crescimento em curso. Confirmamos quando os votos foram apurados. Aguardemos os próximos números.

Imagem ilustrativa da imagem Desqualificar os institutos de pesquisa deve ser discurso da direita, não da esquerda

Silvio Osias

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