"Detalhes tão pequenos de nós dois...". Melhor disco de Roberto Carlos faz 50 anos

"Não adianta nem tentar me esquecer...". Em dezembro de 1971, há 50 anos, se você entrasse numa loja de discos, provavelmente estaria tocando essa canção. Era Detalhes, que abria o novo disco de Roberto Carlos. Na capa, uma pintura com o rosto do artista. Meio século se passou, e o álbum permanece íntegro.

O Roberto Carlos de 1971 já havia deixado a Jovem Guarda para trás. Tinha 30 anos - hoje, tem 80 - e buscava amadurecer junto com o seu público - tarefa que cumpriria com absoluto êxito. Continuava conectado à soul music e oferecia um repertório com várias canções dignas de um greatest hits.

O disco começa com Detalhes. É uma das grandes canções da dupla Roberto e Erasmo Carlos. Atravessou esses 50 anos inteira, e jamais fica de fora do set list de um show do artista. Uma melodia simples, composta sobre uma harmonia simples, com versos de um coloquialismo irresistível.

Como Dois e Dois é uma música de conteúdo político, mas ninguém parecia entender, à época. Meio balada, meio blues, meio soul. "Tudo vai mal quando eu canto e sou mudo" ou "tudo certo como dois e dois são cinco". Foi composta por Caetano Veloso no exílio londrino. Roberto Carlos fala (canta) por ele.

Foi para Caetano Veloso que Roberto Carlos compôs Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos, outra faixa do disco. Roberto visitou Caetano em Londres. Quando voltou, fez esta canção. Todos pensavam que era para uma mulher. Muitos anos se passaram até que a homenagem fosse revelada.

Todos Estão Surdos é o número religioso do disco. Soul music de letra pacifista. Você Não Sabe o Que Vai Perder é um rock delicioso de Renato Barros, aquele de Renato e seus Blue Caps. De Tanto Amor é bela canção romântica de despedida. A Namorada, Traumas e Se Eu Partir são pra lá de melancólicas.

O repertório que começa com Detalhes e se estende por 12 faixas, termina com Amada Amante, uma inacreditável elegia à figura da amante. Passou pela Censura, passou pelos ouvidos mais caretas da época. O álbum de Roberto Carlos do Natal de 1971 é o melhor de sua longeva carreira.

Segue meu top 5 do disco.

DETALHES

Roberto e Erasmo Carlos