SILVIO OSIAS
Elizeth Cardoso, tradicional e moderna, nasceu há 100 anos
Publicado em 16/07/2020 às 7:50 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:35
Nesta quinta-feira (16), faz 100 anos que nasceu Elizeth Cardoso.
Quando morreu de câncer, em maio de 1990, tinha 69 anos.
Ela há de ser reconhecida, sempre, como uma das maiores cantoras do Brasil.
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Elizeth já tinha 30 anos quando, em 1950, gravou Canção de Amor, a música que a tornou conhecida.
No início, emprestou sua voz ao samba-canção.
Era uma cantora da tradição, mas, quase acidentalmente, difundiu o novo, ao antecipar, em 1958, uma revolução chamada Bossa Nova, que ocorreria no ano seguinte, mudando a música popular do Brasil para sempre.
Ao gravar o LP Canção do Amor Demais, somente com músicas de Antônio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes, ela teve o acompanhamento, nas faixas Chega de Saudade e Outra Vez, do violão de João Gilberto e da batida da Bossa Nova por este criada.
Estão, portanto, no disco de Elizeth, a primeira gravação de Chega de Saudade e o registro inaugural da batida da Bossa ao violão.
Elizeth, contudo, nunca foi bossanovista. Sua voz não era cool.
Foi, isto sim, exímia cantora de samba (Elizeth Sobe o Morro é disco antológico).
Mas também soltou a voz, no Municipal do Rio, para solar a quinta Bachiana de Villa-Lobos.
Em 1968, juntou a tradição com a modernidade da música popular brasileira num show histórico em que cantou acompanhada por Jacob do Bandolim e seu conjunto Época de Ouro, mestres cariocas do choro, e pelo Zimbo Trio, emblemático representante do samba-jazz paulistano.
Elizeth não dependia de repertório para ser grande.
Mas, a despeito da extraordinária qualidade do seu canto, não teve uma carreira à altura do que merecia.
Não fez o sucesso que poderia ter feito.
Foi chamada de Divina, mas morreu pobre.
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