SILVIO OSIAS
Funk mostra que Caetano Veloso, aos 75, permanece atual e ousado
Publicado em 22/01/2018 às 6:16 | Atualizado em 31/08/2021 às 7:43
Há 35 anos, Gilberto Gil bradou:
Funk-se quem puder É imperativo dançar Sentir o ímpeto Jogar as nádegas Na degustação do ritmo
Há 20, Chico Buarque cantou:
Hoje tem baile funk Tem samba no Flamengo
Há 12, o mesmo Chico cantou:
Dança teu funk, o rock, forró, pagode, reggae Teu hip hop
No ano passado, Chico deu clara indicação de que não está alheio ao funk carioca quando convidou Rafael Mike, do Dream Team do Passinho, para participar da gravação da música As Caravanas.
Bem antes, Caetano Veloso compôs e gravou o Funk Melódico e fez Miami Maculelê para Gal Costa cantar:
Era dança de alegria Putaria e coisa e tal Por que você vem com santo Anjo e galera do mal?
No show que agora está fazendo com os filhos Moreno, Zeca e Tom, Caetano apresenta uma música inédita.
É o funk Alexandrino.
Vejam a letra:
1, 2, 3, 4 1, 2, 3, 4 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12! 1, 2, 3, 4 1, 2, 3, 4 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12! Alexandrino Alexandrino O baile é livre pra novinha E pro menino Alexandrino Alexandrino O baile é livre pra novinha E pro menino 1, 2, 3, 4 1, 2, 3, 4 Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac 1, 2, 3, 4 1, 2, 3, 4 Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac Moça bonita Moça bonita, Lucas e vigário geral Moça bonita (Lucas) Vigário geral! Lucas e vigário geral Lucas vigário geral
E vejam o vídeo:
Lembro dessas coisas quando vejo pessoas de matizes ideológicos diversos horrorizadas com o funk.
Umas se prendem mais a questões de ordem moral.
Outras invocam mais a má qualidade.
Penso que a recusa ao funk envolve muito preconceito.
E remete ao nosso apartheid social tanto quanto a letra de As Caravanas.
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