SILVIO OSIAS
Grande brasileiro, Milton Gonçalves foi um símbolo da identidade negra nacional
Publicado em 31/05/2022 às 10:56
O ator Milton Gonçalves morreu nesta segunda-feira (30). A morte foi em decorrência do acidente vascular cerebral que sofreu em 2020. Ele estava com 88 anos.
O amigo que me avisou logo lembrou do papel de Milton Gonçalves como símbolo da identidade negra nacional. Não foi, necessariamente, um papel - ou os muitos papéis - que desempenhou nas tramas das quais participou. Não. Ele próprio - o ator, o cidadão - era esse papel.
Fundamental nos caminhos que abriu para atores e atrizes, negros e negras como ele, que não tinham mercado num país brutalmente racista como é o Brasil. Imprescindível porque a sua figura, por si só, era um exemplo de afirmação no meio dos que são discriminados pela cor da pele.
Milton Gonçalves veio de uma família pobre. Como ator, projetou-se fazendo teatro, como tanta gente da sua geração. Depois, o cinema e a televisão. Na Globo, a partir de 1965, as novelas que, afinal, transformaram Milton num nome nacional da dramaturgia.
Se quisermos, podemos ter uma longa lista das novelas e dos filmes em que atuou. Como coadjuvante ou como protagonista. Mas vou fazer diferente. Vou responder a uma pergunta que me fizeram ontem: "Qual o seu Milton Gonçalves preferido?".
O meu Milton Gonçalves preferido está na foto do início da coluna. É o Bráulio de Eles Não Usam Black Tie. Grande personagem, grande desempenho, belíssimo filme que o cinemanovista Leon Hirszman realizou a partir da peça de Gianfrancesco Guarnieri.
Milton Gonçalves foi um ator extraordinário. Milton Gonçalves foi um grande brasileiro.
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