SILVIO OSIAS
Invictus, Mandela e o nosso debate sobre republicanismo
Publicado em 04/11/2016 às 5:08 | Atualizado em 31/08/2021 às 7:45
Gosto muito de Invictus, o filme de Clint Eastwood sobre Nelson Mandela.
Invictus trata de um episódio específico (a conquista da Copa do Mundo de Rugby), mas, muito além disso, oferece o perfil de uma figura de extraordinária dimensão humana e política.
Toda vez que revejo o filme, tem uma cena que chama minha atenção. É aquela em que Mandela chega para trabalhar, no primeiro dia como presidente da África do Sul.
Ele constata que os brancos que trabalharam para o governo anterior estão de partida, arrumando os seus pertences.
Mandela manda reuni-los numa sala e, num discurso que aponta para a conciliação e o futuro do país, convida-os a ficar.
A cena está aí. Dura pouco mais de três minutos.
O que chama minha atenção na cena é que, tão longe de nós, ela fala de forma muito eloquente sobre um tema que está sempre presente nas nossas discussões políticas: o republicanismo.
O presidente não tem agenda para o governador. O gestor, num só ato, exonera todos os que serviram à gestão anterior. O vencido renuncia horas antes para não empossar o vencedor.
Cenas do nosso cotidiano político. Cenas que são o inverso dessa aí, do filme sobre Mandela. Embora quase todos digam que são republicanos.
Comentários