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SILVIO OSIAS

Ipojuca Pontes diz quem é até na hora de homenagear um amigo da vida inteira que morreu

Publicado em 02/03/2021 às 6:15 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:53


				
					Ipojuca Pontes diz quem é até na hora de homenagear um amigo da vida inteira que morreu

O cineasta Ipojuca Pontes e o jornalista Martinho Moreira Franco foram amigos da vida inteira.

Para Martinho, poucos amigos eram tão especiais quanto Ipojuca.

Uma crítica feita a Ipojuca era uma crítica feita a Martinho.

Martinho Moreira Franco morreu no dia seis de fevereiro.

Ipojuca Pontes fez uma homenagem ao amigo num texto publicado por Abelardo Jurema como especial da sua coluna.

Li estarrecido.

O extenso texto começa com uma pergunta:

"O que é jornalismo?".

Seguem-se cinco parágrafos nos quais Ipojuca tenta responder.

Mais uma pergunta:

"E o jornalista?".

A resposta vem em três parágrafos.

Oito parágrafos e nenhuma menção ao homenageado, Martinho Moreira Franco, o amigo que morreu, mas críticas ao "novo jornalismo" (assim, com aspas) numa conversa que fala logo em ativismo ideológico e desanca Gay Talese, o autor de Fama e Anonimato.

No nono parágrafo, Martinho, afinal, é lembrado por Ipojuca.

Muito bem. Seis parágrafos dedicados só ao amigo. Justíssimo.

E lá vem Ipojuca, incorrigível em seu direitismo.

Ele escreve:

"O fato é que jornalismo hoje, com a ascensão do que chamam 'direita' (conservadorismo), tornou-se um campo de batalha alargado pelas hostes esquerdistas que, na dura realidade, perderam a 'hegemonia' e o poder que os mantinham intocáveis em boa parte do mundo". 

Claro que Ipojuca não deixa de registrar que os grandes - para ele, "grandes" - jornais brasileiros (Estadão, Globo, Folha) estão vendendo menos, "evidência inequívoca da falta de credibilidade e a inelutável decadência da mídia impressa".

No parágrafo de número 18, por fim, Ipojuca diz que Martinho Moreira Franco morreu.

E, em meio ao desejo de que Deus o guarde em bom aconchego, ainda encontra um jeito de falar no desmonte das pretensões totalitárias da desinformação revolucionária.

Este é Ipojuca Pontes, a quem, no lugar dos filmes que fez, está associada a morte do cinema brasileiro à época em que respondeu pela cultura no nefasto governo de Fernando Collor.

Ipojuca Pontes não consegue esconder quem é até na hora de homenagear um amigo querido que morreu.

Imagem ilustrativa da imagem Ipojuca Pontes diz quem é até na hora de homenagear um amigo da vida inteira que morreu

Silvio Osias

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