SILVIO OSIAS
Janis Joplin ainda é a maior voz feminina do rock
Publicado em 04/10/2019 às 7:05 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:39
Janis Joplin morreu há 49 anos (quatro de outubro de 1970).
Tombou num quarto de hotel depois de tomar uma dose de heroína.
Tinha somente 27 anos e estava terminando seu segundo disco solo.
Nos dois anteriores, ainda era a cantora do grupo Big Brother & Holding Company.
Uma branca que canta como os negros. É o que se diz dela.
Ninguém canta como os negros, mas Janis tentava chegar perto. Prefiro assim.
Seu negócio era a black music. Há muito blues, mas também soul no que gravou.
Tanto há Bessie Smith quanto Otis Redding.
Era um diamante em estado bruto, já revelavam as precárias gravações feitas nos bares onde se apresentava, antes do sucesso, e só lançadas postumamente.
Trouble in Mind é dessa fase. Nua e crua. Por isto, tão bonita.
Kozmic Blues e Pearl, seus dois discos solo, são um pouco aveludados. Talvez fosse a gravadora tentando domar a fúria da intérprete, adequá-la ao mainstream do rock.
Os registros ao vivo, discos póstumos como o Joplin in Concert, mostram Janis livre nos palcos. A cantora, sua voz rouca e seus gritos incontidos.
Janis Joplin é de uma linhagem de grandes cantoras à qual pertencem mulheres atormentadas que levaram suas dores para o que cantaram.
O que elas sentiam (ou o que faltava a elas) estava explícito na performance vocal. Sobrepunha-se ao idioma da canção.
Bastava ouvir, com alguma sensibilidade, para entender.
Isso é o que há de extraordinário nela. Como em Billie Holiday, Maysa, Edith Piaf, Nina Simone, Elis Regina, Amy Winehouse. Não importa o estilo que abraçaram, nem o lugar de onde vieram.
Janis Joplin ainda é a maior voz feminina do rock.
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