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SILVIO OSIAS

Je t'aime, je t'aime. Os gemidos de prazer de Birkin foram censurados pela ditadura brasileira

Publicado em 17/07/2023 às 7:20


                                        
                                            Je t'aime, je t'aime. Os gemidos de prazer de Birkin foram censurados pela ditadura brasileira

Virada da década de 1960 para a de 1970. Eu estava passando da infância para a adolescência quando a canção Je T'aime, Moi Non Plus chegou ao Brasil. A Censura não hesitou: proibiu sua execução pública (emissoras de rádio e TV, boates, festas, etc.) e restringiu a venda do disco a maiores de 18 anos. Eu já frequentava as lojas de discos da cidade e foi numa delas que ouvi pela primeira vez a música de Serge Gainsbourg interpretada em dueto pelo autor e por sua mulher, a cantora e atriz franco-britânica Jane Birkin.

O cara da loja de discos me botou na pequena cabine reservada a clientes que, geralmente, compravam álbuns de música clássica e de jazz, e o erotismo da canção me arrebatou. Imaginem um menino de uns 11 anos ouvindo os gemidos de prazer de Jane Birkin naquela cabine fechada e à prova de som. A loja, que se chamava Stop, ficava na esquina da Miguel Couto com a Duque de Caxias. Foi aquela audição de mais de 50 anos atrás que me veio à memória quando soube, neste domingo (16), que Jane Birkin havia morrido.

Nascida na Inglaterra, nacionalizada francesa, Jane Birkin tinha 76 anos e perdera a saúde desde que sofreu um acidente vascular cerebral. Uma cuidadora a encontrou morta. Foi casada com John Barry, excepcional compositor de música de cinema, e, em seguida, com Serge Gainsbourg, notável compositor popular da França. Charlotte Gainsbourg, sua filha com Serge, é uma respeitada atriz. Serge Gainsburg e Jane Birkin, no auge da fama, eram um dos casais mais badalados do universo pop.

Em A Bossa da Conquista, de Richard Lester, Jane Birkin faz uma ponta e ainda não é notada. Mas todos viram Birkin e seu nu frontal em Blow-Up, de Michelangelo Antonioni, um dos filmes mais evocativos da Londres da segunda metade dos anos 1960. Em A Piscina, contracenou com Alain Delon e Romy Schneider. Filmou muito e também gravou muito, além de ter se tornado símbolo da moda do seu tempo quando seu sobrenome batizou as bolsas Birkin - quem não lembra delas? Quem, no fundo, não as cobiça?

A nota de pesar divulgada neste domingo pelo ministro da Cultura da França dimensiona corretamente a figura de Jane Birkin. Sua morte comoveu o mundo do cinema, da música e da moda. Birkin estava em Londres quando a capital da Inglaterra vivia a Swinging London e em Paris quando a capital da França mal saíra da turbulência do maio de 1968. Linda, sensual, uma verdadeira musa, ela foi - e assim permanecerá sendo - um poderoso ícone pop do seu tempo.

Fecho com Je T'aime, Moi Non Plus.

Imagem ilustrativa da imagem Je t'aime, je t'aime. Os gemidos de prazer de Birkin foram censurados pela ditadura brasileira

Silvio Osias

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