SILVIO OSIAS
Jimi Hendrix morreu há 50 anos. Foi grande inventor e maior guitarrista de todos os tempos
Publicado em 18/09/2020 às 6:22 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:54
Nesta sexta-feira (18), faz 50 anos que morreu o guitarrista Jimi Hendrix.
Quando pensamos em guitarristas, há nomes que não podem ser esquecidos. Falamos em jazz, e lá vêm Wes Montgomery. Se formos para os primórdios do rock, Chuck Berry aparecerá entre os fundadores. No blues, temos as notas econômicas e essenciais de B.B. King. Claro, estamos antes dos anos 1960, década em que os conjuntos de guitarras tomaram conta do mundo da música popular. É aí que chegamos à Londres que, em 1966, viu nascer o power trio The Jimi Hendrix Experience. Um guitarrista americano, mestiço de negro com índio; um baixista e um baterista ingleses, brancos. Eles logo fariam história.
Jimi Hendrix é o maior guitarrista de todos os tempos. Um lugar comum. Mas está certo. Os garotos que hoje estudam o instrumento e têm às mãos todos os recursos tecnológicos, farão coisas inacreditáveis com uma Fender semelhante à de Hendrix. Mas não inventarão nada. Não escreverão a gramática, nem a história, como Jimi fez numa carreira tão intensa quanto meteórica, entre 1966 e 1970. Ele foi descoberto em Londres, na época em que os Beatles e os Rolling Stones comandavam a cena roqueira da cidade, e impressionou todos os que puderam vê-lo ao vivo. Os melhores guitarristas – gente como Eric Clapton e Jimmy Page – ficaram perplexos. E quiseram desistir.
Dois retratos de Jimi Hendrix. No primeiro, ele debuta para o público americano. Em 1967, sua apresentação no Festival de Monterey provocou um impacto extraordinário sobre os músicos e os espectadores do evento. No segundo, o guitarrista está no auge. Em 1969, sua performance no Festival de Woodstock, mais extensa do que a de Monterey, figura entre os mais impressionantes momentos do rock produzido ao vivo. Os dois registros também eternizam festivais que marcaram a cultura pop.
Dizer que a guitarra é extensão do corpo de Jimi Hendrix é outro lugar comum. Tanto quanto classificá-lo como o maior de todos os guitarristas. Mas também é verdade. Com o instrumento colado ao seu corpo, ou dando voltas ao redor deste, às vezes tocando com a boca, Hendrix ultrapassa os limites das convenções musicais. Produz ruídos que se misturam ao que não é ruído. Notas certas no lugar certo fundidas a notas que poderiam ser consideradas incorretas. Acordes que não estão nos manuais, dedos pressionando cordas e trastes como ninguém ousaria fazer. Invenção pura. Resultado excepcional. Como as cores que um gênio da pintura joga numa tela.
Hendrix lançou três discos gravados em estúdio e um ao vivo (veja as capas) antes de morrer aos 27 anos, no dia 18 de setembro de 1970. Mas a discografia é extensa. Os muitos discos póstumos estão à altura da sua importância. Há fabulosos registros ao vivo. Também em estúdio. Todo o material foi recuperado, restaurado à luz dos mais avançados recursos tecnológicos disponíveis nos estúdios da era digital. A família cuida bem da memória e do legado musical. Os sons que produziu na guitarra Fender atravessaram cinco décadas desde que morreu. E permanecem ousados e modernos.
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