SILVIO OSIAS
Joe Biden e Lula não deveriam encarar mais um mandato
Políticos precisam admitir as limitações impostas pela idade.
Publicado em 01/07/2024 às 7:05
Um dos grandes cantores do século XX, Charles Aznavour tinha 94 anos quando morreu, em 2018. Acabara de voltar para casa depois de cumprir agenda de shows. Não há prazo de validade para cantor.
Mick Jagger tem 80 anos. Bob Dylan, 83. Roberto Carlos também tem 83 anos, e Ney Matogrosso está prestes a completar. Permanecem fazendo turnês e assim seguirão enquanto o desejo e a saúde permitirem.
Já jogador de futebol tem prazo de validade. Ninguém passa dos 40 anos atuando profissionalmente. Antes mesmo, as chuteiras são penduradas, e os caras, com ou sem pé de meia, partem para outra. Ninguém discute.
Mandato presidencial após 80 anos é uma temeridade. O político não é um artista, que encerra a carreira quando quer. O político eleito presidente assume um compromisso de governar um país por ao menos quatro anos.
Vejam o caso de Joe Biden. O presidente dos Estados Unidos não quer abrir mão do seu projeto de reeleição, a despeito de se apresentar ao país sem condições físicas e mentais de enfrentar mais um mandato.
Joe Biden nasceu em novembro de 1942. Quando se elegeu, em 2020, estava a poucos dias de fazer 78 anos. Daqui a pouco mais de quatro meses, terá 82. Se reeleito, terminaria o mandato com 86 anos.
Em 2020, Biden disse que seria um presidente de transição, que pretendia cumprir um mandato e não disputar a reeleição. Mas o poder é irresistível, e os projetos pessoais movem os políticos, mesmo os melhores.
O caso de Joe Biden remete ao presidente Lula. Ele nasceu em outubro de 1945. Tinha acabado de fazer 77 anos quando foi eleito, em 2022. Está prestes a fazer 79. Terá, portanto, 81 na eleição de 2026.
Lula quer disputar a reeleição. Se vencer e cumprir o mandato, o Lula IV terminará em 2030, e o presidente terá 85 anos. Com a idade que tem, Lula, como Joe Biden, não deveria mais encarar uma reeleição.
Tudo passa. Lula, com sua grande biografia, também passará. O campo democrático precisa construir nomes para enfrentar a extrema direita nas disputas pelo poder. Urge superar a tese de que só Lula é capaz.
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