SILVIO OSIAS
Lennon/80: "O Papa toma droga todo dia", é o que canta John em seu álbum mais politizado
Publicado em 04/10/2020 às 6:48 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:54
Sigo neste domingo (04) com a série de posts sobre John Lennon.
Se estivesse vivo, o músico completaria 80 anos no dia nove de outubro.
John foi assassinado aos 40 anos em oito de dezembro de 1980, na entrada do edifício onde morava, em Nova York.
A capa é um primor.
A primeira página de um jornal. As "notícias" são as letras das canções.
O nome do disco - Some Time in New York City - é como se fosse o nome do jornal.
E brinca, naturalmente, com o New York Times.
O ano era 1972, e John Lennon e Yoko Ono começavam a morar em Nova York.
"O Papa toma droga todo dia", diz a letra do rock New York City.
Lennon juntara-se ao grupo Elephant's Memory Band para fazer seu álbum mais político.
Ficou assim: Plastic Ono Elephant's Memory Band.
Um baladaço feminista abre o repertório. "A mulher é o negro do mundo" - cabia bem no debate daquela época. No de hoje, não tenho tanta certeza. A resposta fica para quem tem lugar de fala.
"Não há muita diferença entre Mao e Nixon se eles estiverem nus" - diz Yoko na letra de We're All Water. Somos todos água de rios diferentes.
Uma montagem dos dois dançando nus ilustra a "notícia".
O massacre de Ática, a prisão de Angela Davis, o domingo sangrento e a sorte da Irlanda - são temas das canções.
As vozes de John e Yoko se alternam, às vezes estão juntas.
Some Time in New York City é panfletário, sim, mas é um panfleto inteligente.
Um disco bônus reúne faixas ao vivo em Londres (Lennon, Yoko e uma all star band) e em Nova York (Lennon, Yoko e Frank Zappa).
Esse álbum é uma grande evocação do tempo em que foi gravado.
E um retrato fidelíssimo do encontro de John com Nova York.
"Que pasa, New York? Que pasa, New York?"
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