SILVIO OSIAS
Liv Ullmann, musa de Ingmar Bergman, faz 80 anos
Publicado em 16/12/2018 às 8:00 | Atualizado em 30/08/2021 às 23:37
Na juventude, ela era assim.
Na velhice, ficou assim.
Liv Ullmann, musa de Ingmar Bergman, faz 80 anos neste domingo (16).
Muita gente pode pensar que ela é sueca, por causa do seu vínculo profundo com Bergman (na tela e fora dela), mas não. Ullmann nasceu no Japão, filha de uma família da Noruega, em 16 de dezembro de 1938.
Migrou do teatro para o cinema em meados da década de 1960.
Sua filmografia não é tão extensa, mas, se não tivesse feito mais nada, os filmes em que atuou sob a direção de Ingmar Bergman seriam suficientes para colocá-la entre as grandes atrizes de todos os tempos.
Caetano Veloso me disse que Bergman não gostava dos homens. Só das mulheres.
O cineasta, cujo centenário de nascimento foi festejado agora em 2018, de fato tinha um especialíssimo cast feminino ao qual sempre recorreu ao longo de sua carreira.
Harriet Andersson (em Monika e o Desejo), lá no começo. Ingrid Thulin (em Morangos Silvestres), logo depois. Bibi Andersson (em Persona), mais tarde. Lena Olin (em Depois do Ensaio), já na velhice. Até Ingrid Bergman (em Sonata de Outono), uma única vez, já marcada pelo câncer que a mataria.
E - claro! - Liv Ullmann. A mais frequente. A que está mais associada a ele. Como se não houvesse Ullmann sem Bergman. Ou - quem sabe? - até Bergman sem Ullmann.
Liv Ullman de muitos filmes com o extraordinário realizador. De Persona a Saraband. Neste, uma sexagenária que tem sua nudez exposta pelo olhar sensível do cineasta.
Há, a um só tempo, fragilidade e fortaleza na Liv Ullmann que vemos nos filmes de Bergman. Fotografada por um outro mestre, Sven Nykvist. Atuando ao lado de Max Von Sydow, Erland Josephson, Elliott Gould ou David Carradine.
No rosto de Liv Ullmann, Ingmar Bergman projetou os tormentos insolúveis da alma humana. Poucos fizeram com tanta propriedade. Poucas captaram com tanta intensidade.
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