SILVIO OSIAS
Louis Armstrong, o maior símbolo do jazz, morreu há 50 anos. What a Wonderful World é seu lixo
Publicado em 05/07/2021 às 6:55 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:50
Nesta terça-feira (06), faz 50 anos da morte de Louis Armstrong.
Ele é o maior símbolo do jazz, a música genial que os pretos americanos criaram e desenvolveram ao longo do século XX.
"Se você não sabe o que é o jazz, não vai saber nunca" - é uma frase atribuída a Armstrong, garoto pobre, miserável mesmo, nascido em New Orleans, em agosto de 1901.
A mãe era prostituta e, não fosse uma família de judeus russos que o acolheu, ninguém sabe qual teria sido o destino de Louis.
Louis Armstrong é uma dádiva de Deus - diz dele Wynton Marsalis, um dos maiores músicos que o jazz tem atualmente.
Como o rock não foi inventado por Elvis Presley, claro que o jazz não foi inventado por Armstrong. O seu surgimento é resultado de muitos fatores e de um ambiente favorável à aparição desse tipo de música.
Mas, se há um músico que melhor representa o jazz, que é o seu ícone mais expressivo, este é Louis Armstrong.
O jazz como linguagem musical, no seu nascedouro, passa por ele.
Basicamente, por duas coisas: pelas notas do seu trompete e pelo seu modo de cantar.
A improvisação - às vezes com notas mínimas - e o scat, marcas fundamentais do jazz, vêm das suas gravações dos anos 1920.
É nelas que está a sua grande, imensa contribuição ao universo jazzístico.
O Louis Armstrong sobre o qual se curvam músicos e ouvintes do mundo inteiro é aquele do tempo dos grupos Hot Five e Hot Seven.
Se avançarmos no tempo e formos para os anos 1950, encontraremos belos discos gravados por Armstrong já na era dos LPs: ele com Ella Fitzgerald trazendo para o jazz a ópera Porgy and Bess, seu tributo a Fats Waller, seu encontro com o pianista Oscar Peterson, seu álbum com Duke Ellington, as canções religiosas do The Good Book.
Mas não são discos de invenção, não são gravações fundadoras como as velhas performances com o Hot Five e o Hot Seven.
Essas sim, são a essência do jazz e o que há de superb na música de Louis Armstrong.
Na segunda metade dos anos 1960, Armstrong fez muito sucesso com What a Wonderful World.
Ele é muito lembrado por essa canção.
Mas é um equívoco associar uma figura tão grandiosa a esse tipo de canção pop.
What a Wonderful World é o lixo de Louis Armstrong.
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