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SILVIO OSIAS

Marcelo Arruda era guarda municipal, mas foi o guarda da esquina quem o assassinou

Publicado em 11/07/2022 às 10:45


                                        
                                            Marcelo Arruda era guarda municipal, mas foi o guarda da esquina quem o assassinou

				
					Marcelo Arruda era guarda municipal, mas foi o guarda da esquina quem o assassinou

"O problema de uma lei assim não é o senhor, nem os que com o senhor governam o país. O problema é o guarda da esquina".

Foi o que o vice-presidente Pedro Aleixo disse ao presidente Costa e Silva sobre a edição do AI5, em 13 de dezembro de 1968.

Dos ouvidos sobre a edição do ato que endurecia o regime militar, Aleixo foi o único contrário. Delfim, Passarinho, Médici - todos foram a favor.

Pedro Aleixo estava certo quando falava sobre o guarda da esquina. Errado, ou usou de prudência, quando se referiu ao presidente e aos que com ele governavam o país. Muitos, afinal, lançariam mão das prerrogativas do ato.

A fala de Aleixo volta agora quando assistimos ao assassinato, em Foz do Iguaçu, do petista Marcelo Arruda pelo bolsonarista Jorge Guaranho.

Antes mesmo da eleição presidencial de 2018, Jair Bolsonaro e o bolsonarismo ressuscitaram a figura do guarda da esquina - aquele que assimilaria a violência defendida pelo capitão e pelos que perto dele estavam e executaria o que foi assimilado. Como no AI5, a concretização da violência não ficaria restrita, necessariamente, aos guardas da esquina.

Bolsonaro está no poder há três anos e meio. Não foram poucas as vezes em que vimos o presidente estimular a violência, defender o golpe, etc. Vimos também que ninguém foi capaz de contê-lo. Assim chegamos praticamente às vésperas da eleição presidencial de outubro de 2022.

Na semana passada, o deputado e candidato ao governo do Rio Marcelo Freixo disse, numa entrevista, que teme uma campanha violenta na mesma medida em que acredita que Bolsonaro, se derrotado, não entregará facilmente o governo ao vencedor.

O assassinato de Marcelo Arruda não parece um ato isolado do bolsonarista Jorge Guaranho. O episódio se apresenta como fiel tradução do que tem sido disseminado pelo presidente Jair Bolsonaro, por seus filhos, pelo bolsonarismo, de um modo geral.

Parte da população civil tem se armado. Parte passou a frequentar clubes de tiro. Estimuladas pelo próprio presidente, essas pessoas que aderem ao armamentismo seguem na direção contrária à formulação de um pacto civilizatório de que tanto necessitamos.

O petista Marcelo Arruda era guarda municipal. Mas seu assassino, o policial penal federal Jorge Guaranho é que é o guarda da esquina.

Imagem ilustrativa da imagem Marcelo Arruda era guarda municipal, mas foi o guarda da esquina quem o assassinou

Silvio Osias

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