SILVIO OSIAS
Jornal O Norte fez título ridículo no assassinato de John Lennon
Publicado em 08/12/2019 às 11:21 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:39
Neste domingo (08), faz 39 anos do assassinato de John Lennon.
Era uma segunda-feira, feriado de Nossa Senhora da Conceição, e eu fui ao Recife ver O Império dos Sentidos, de Nagisa Oshima.
Na manhã da terça-feira, logo cedo, passei na Disco 7 e voltei para João Pessoa.
Ao chegar em casa, recebi um telefonema de Carlos Aranha, companheiro de redação em A União:
"Soube da morte?" - perguntou.
"Não" - respondi.
"John Lennon" - ouvi dele.
"Como?" - indaguei.
"Assassinado em Nova York" - afirmou.
Corri para o jornal e me tranquei no Departamento de Pesquisa para redigir o necrológio.
No meio da tarde, Gonzaga Rodrigues, nosso diretor técnico, conversou um pouco comigo. Estava chocado, embora os Beatles não fizessem parte das suas audições.
O mundo estava chocado. A primeira visita, como presidente eleito, de Ronald Reagan a Nova York foi esvaziada por causa do assassinato.
Uma multidão se reunira na frente do Dakota, cenário do crime. O edifício de luxuosos apartamentos, 12 anos antes, havia sido usado por Roman Polanski em O Bebê de Rosemary. Passava a ser duplamente sombrio.
À noite, a redação e a oficina de A União pararam para assistir ao Jornal Nacional.
Quem "desceu" o material escrito por mim foi Agnaldo Almeida, nosso editor.
O título - uma manchetona - também foi dele:
JOHN LENNON ESTÁ MORTO
O caderno B do Jornal do Brasil, que guardo até hoje, veio com:
ÍDOLO DA CANÇÃO MUNDIAL NÃO PÔDE DIZER AS ÚLTIMAS PALAVRAS
A Folha:
A MORTE DE UM BEATLE
O jornal O Norte saiu com um título no mínimo esquisito:
ESPANTO, RAIVA E PENA NO MUNDO. ASSASSINADO LENNON, DOS BEATLES
Na redação de A União, rimos incrédulos com o que havia de ridículo no título.
Mas nunca descobrimos o autor da "pérola".
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