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SILVIO OSIAS

Mônica Salmaso seduz o público com voz, repertório e uma graça irresistível

Publicado em 08/12/2023 às 9:31 | Atualizado em 08/12/2023 às 18:20


                                        
                                            Mônica Salmaso seduz o público com voz, repertório e uma graça irresistível

Vou falar sobre o show de Mônica Salmaso (Foto/Divulgação/Lorena Dini) no Seis e Meia, mas começo com uma lembrança de Antônio Barreto Neto, mestre da crítica de cinema na Paraíba. "Barreto, esse filme é bom?" - na juventude, costumava perguntar a ele quando me via diante da oportunidade de ver pela primeira vez um clássico. Ao que ele prontamente respondia, referindo-se ao cineasta: "Fulano não sabe fazer filme ruim, só sabe fazer filme bom".

Já contei essa história a Mônica Salmaso, e ela nem deve lembrar porque ouve muitas histórias em suas viagens. Mas contei porque a fala de Barreto me remete a Mônica. Não pergunte se o disco dela é bom. Não pergunte se o show dela é bom. Não carece. Mônica Salmaso só sabe fazer bem feito. E bem feito ainda é pouco. Sendo mais preciso: muitíssimo bem feito.

No meu acervo, tenho todos os seus álbuns. Do primeiro - bela releitura dos afro-sambas de Baden Powell e Vinícius de Moraes - ao mais recente, no qual se debruça sobre o repertório de Milton Nascimento junto com o pianista André Mehmari. Em uma dezena e meia de discos, não há um erros. Só há escolhas acertadas. De 1997 até aqui, Mônica edificou uma discografia absolutamente exemplar, preciosa e essencial.

Trabalhou com extraordinária dedicação em cima da sua visão da música popular brasileira. Uma visão rica, singular e muito refinada, que vai dos autores já clássicos aos contemporâneos. Uma visão na qual não cabem concessões, apenas o que ela quer cantar, do jeito que quer cantar, com as formações que lhe parecem as melhores e as mais adequadas.

Vi Mônica ao vivo com diversas formações. Num show muitíssimo bem planejado e produzido como era Corpo de Baile, subia ao palco com o grupo Pau Brasil e seus múscos excepcionais. Com o Quinteto da Paraíba, fazia um recital marcado por saborosa informalidade. Com Chico Buarque, teve a alegria de fazer turnê com nosso grande compositor  e ser acompanhada pela incrível banda de Chico.

Nesta quinta-feira, sete de dezembro de 2023, encerrou no Teatro Paulo Pontes a atual temporada do Seis e Meia ao lado dos músicos Teco Cardoso (sax e flauta) e Paulo Aragão (violão). Nós, na plateia, mais uma vez nos vimos diante dessa grande cantora que é Mônica Salmaso. No palco, ela conquista o público com a beleza da voz e do repertório, mas também com as deliciosas histórias que conta e com uma graça irresistível.

O show do Seis e Meia teve set list montado a partir de dois compositores sobre os quais Mônica se debruçou durante a pandemia: Wilson Batista e Edu Lobo, grandes autores de tempo e cenário distintos. O recital permite, portanto, um diálogo muito interessante entre a tradição do samba do Rio de Janeiro que há em Wilson e a modernidade da segunda geração da Bossa Nova & além que há em Edu.

Momentos a destacar? Há vários. Mas registro Acertei no Milhar, clássico do samba de breque que traz a lembrança de Moreira da Silva, e Sobre Todas asCoisas, melodia belíssima de Edu, letra genial de Chico, em interpretação soberba de Mônica já no final do programa. Muito bonito ouvir Mônica fazendo OCantador, essa toada tão evocativa da era dos festivais, da parceria de Dori Caymmi com Nelsinho Motta.

Em artigo recentíssimo, Mauro Ferreira expôs ideias sobre o conceito de MPB, lembrando a criação da sigla e o seu significado para caracterizar a geração de autores e intérpretes projetados na década de 1960. O crítico chega à conclusão de que hoje, se há alguém que se enquadra nesse conceito, é Mônica Salmaso. Não vou me aprofundar no debate, mas achei justo com com ela por colocar a artista em altíssimo patamar. É o lugar de Mônica Salmaso.

Imagem ilustrativa da imagem Mônica Salmaso seduz o público com voz, repertório e uma graça irresistível

Silvio Osias

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