SILVIO OSIAS
Morreu Pinga, o cara que botou Roberto Carlos muitas vezes no palco
Publicado em 27/09/2023 às 7:46
Pinga (em foto do arquivo pessoal) morreu aos 83 anos em sua casa, no Recife. A morte foi na segunda-feira (25), e o sepultamento, na terça (26).
Para os que não o conhecem, houve um tempo em que o sergipano Pinga foi o mais importante empresário de shows do Nordeste e um dos maiores do país.
O nome era José Carlos Mendonça, mas ninguém o tratava pelo nome. Para todo mundo, era somente Pinga.
Estive com ele umas poucas vezes na década de 1970. Já era uma lenda do showbusiness.
Nos bastidores, sempre muito simples, não se vestia como um poderoso empresário e nem parecia ser um deles. Seu motorista, Zé Bonitinho, dirigia um dos carrões da época e, nele, conduziu grandes artistas da música popular brasileira.
Quem, nas décadas de 1970 e 1980, viu shows de música popular no Recife, em João Pessoa, Campina Grande, Natal, deve muito a Pinga. Foi ele que trouxe os artistas para perto de nós, em teatros, ginásios de esportes, estádios de futebol, casas de shows.
Pinga botou Roberto Carlos no palco e no circuito nordestino quando este ainda não era o Rei. Reza a lenda que o artista ficou para sempre grato ao empresário. O fato é que, no ano 2000, quando retornou aos palcos após a morte de Maria Rita, o Rei quis fazê-lo no Recife. E assim o fez, numa noite de muita emoção, no ginásio Geraldão.
Espetáculos de humor com Chico Anísio, grandes shows de Maria Bethânia, Gilberto Gil e Elis Regina, Elba Ramalho no auge do sucesso, Julio Iglesias, A-Ha, tudo tinha a marca da produtora de Pinga, tudo tinha as suas digitais.
Vendo de longe, penso que José Carlos Mendonça, o Pinga, foi o que foi numa época em que o showbusiness era mais ingênuo, menos profissionalizado. Seu modo de produzir talvez não coubesse mais no mundo de hoje. Que descanse em paz.
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