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SILVIO OSIAS

Na guerra religiosa, o PT não pode usar as armas do bolsonarismo

Publicado em 06/10/2022 às 8:31


                                        
                                            Na guerra religiosa, o PT não pode usar as armas do bolsonarismo

Meu avô paterno era espírita e maçom - foi, inclusive, velado naquela loja da Avenida General Osório e sepultado no mausoléu da maçonaria. Minha avó era católica. Meu avô materno era de uma família de predominância espírita, mas não tinha crença. Minha avó era católica. Meu pai era ateu. Minha mãe era católica. Um dos meus tios frequentava terreiros de umbanda. Testemunhei muitos conflitos familiares, sobretudo na numerosa família da minha mãe, mas não eram de ordem religiosa. Tivemos vizinhos evangélicos (da Assembleia de Deus, da Igreja Presbiteriana), e a religião deles não representava problemas na nossa convivência. Cresci num ambiente de saudável diversidade religiosa.

Tudo isso para dizer que me assusta a guerra religiosa que se trava na atual campanha eleitoral brasileira. O Estado é laico, dizia, sempre com muita ênfase, o admirável Leonel Brizola. Que os bolsonaristas lancem mão das armas de cunho religioso, não me surpreende. Eles são assim, já vimos. Fazem e farão as piores coisas em nome da preservação do poder. Não há limites para o presidente Jair Bolsonaro, nem para seus aliados. Com o agravante de que contam com uma poderosa e profissionalmente muito bem montada máquina de produção de fake news. Contavam em 2018, contaram durante todo o governo, contam novamente agora na campanha à reeleição. Estamos à mercê das maldades que essa máquina produz.

Mas, perdoem a minha ingenuidade, me causa espanto que o campo progressista entre nessa guerra. Não deveria. É tirar os embates políticos de um ambiente de normalidade e levá-los para o esgoto. O bolsonarismo espalha imagens do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva num terreiro de candomblé e tenta, com essa difusão, aumentar a rejeição ao candidato. Lula condena, o PT condena. Não só eles. Os seus eleitores também condenam. Todos cobertos de razão. Nesta quarta-feira (05), no entanto, recebi "santinhos" com passagens do Evangelho ilustradas com falas de Bolsonaro. Espalhar esses "santinhos" como reação aos ataques dos bolsonaristas, mais do que incompatível com as posturas de Lula, me parece extremamente perigoso para a campanha do PT.

Por que gente de esquerda joga esses "santinhos" nas redes sociais? Por que o PT não orienta corretamente a sua militância e desautoriza o uso desse expediente? Por que os eleitores de Lula insistem na divulgação dessas imagens de Bolsonaro na maçonaria? A rigor, elas não têm nada de excepcional. Sei que Bolsonaro é indefensável, mas não é por isso que os eleitores de Lula devem aderir às suas táticas. Será que não há maçons que votam em Lula? Será que não há maçons envolvidos na campanha de Lula? Amanhã, os bolsonaristas vão para as redes dizer que o vice Geraldo Alckmin, que desempenha papel tão importante na campanha, pertence à Opus Dei, uma instituição no mínimo muito controvertida ligada à Igreja Católica.

A triste realidade é que, na esquerda, também há os que ficam loucos por esses jogos insanos. Já vi de perto, jogados por gente próxima que participou de gestões de esquerda aqui na Paraíba. Já vi de perto pequenos gabinetes do ódio. A existência deles - grandes ou pequenos, profissionais ou amadores - só representa atraso ao nosso processo civilizatório. No dia de ontem, nos 34 anos da promulgação da Constituição Cidadã, Lula teve tantas coisas importantes a comemorar. Teve a pesquisa do Ipec que lhe foi bastante favorável, teve o apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que, como Lula, desempenhou papel preponderante na reconstrução da nossa democracia. Teve o apoio da senadora Simone Tebet, que agrega valores à atual caminhada de Lula. A sua vitória não deveria passar pelo uso de instrumentos como as imagens de Bolsonaro numa loja maçônica.

Imagem ilustrativa da imagem Na guerra religiosa, o PT não pode usar as armas do bolsonarismo

Silvio Osias

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