SILVIO OSIAS
Não é de Geraldo Vandré a melodia de Disparada, mas de Theo de Barros, que morreu aos 80 anos
Publicado em 16/03/2023 às 7:43
Disparada. Uma canção - e somente uma - colocou Theo de Barros na história da música popular brasileira. Violonista, compositor de poucos discos autorais, Theo morreu nesta quarta-feira, 15 de março, cinco dias depois de completar 80 anos.
Muita gente pensa que Disparada é de autoria do paraibano Geraldo Vandré. Uma das mais fortes de todas as nossas canções de protesto, a música na verdade é uma parceria de Vandré com Theo. A melodia é de Theo. A letra é que é de Vandré.
Num empate com A Banda, de Chico Buarque, Disparada conquistou o primeiro prêmio do II Festival da Música Popular Brasileira de 1966. Enquanto Nara Leão cantou A Banda, Jair Rodrigues interpretou Disparada. A voz cool de Nara em oposição à performance arrebatadora de Jair.
A Banda foi a mais votada. Portanto, a vencedora. Disparada foi a preferida do público. A emissora que promovia o festival achou por bem optar pelo empate para evitar um confronto (que poderia ser violento) entre as torcidas.
Um ano antes, o autor Theo de Barros apareceu no disco de uma jovem cantora. A música, Menino das Laranjas. A cantora, Elis Regina. O disco, Samba, Eu Canto Assim, o primeiro de Elis na Philips. Menino das Laranjas não tem a dimensão de Disparada, mas é um grande momento da MPB dos anos 1960.
Um grupo e um disco também colocaram Theo de Barros na história da música popular brasileira. O grupo, Quarteto Novo. O disco, Quarteto Novo, lançado em 1967 pela Odeon.
Originalmente um trio, depois um quarteto, o grupo foi criado para acompanhar Geraldo Vandré. Sua formação: Theo de Barros, violão e contrabaixo; Heraldo do Monte, viola e guitarra; Airto Moreira, percussão; Hermeto Pascoal, flauta. O único LP do Quarteto Novo é um dos grandes discos da MPB em todos os tempos.
Há algo de muito triste que vem à tona quando morrem artistas como Theo de Barros: o fato de que, a despeito do talento, eles correram por fora, ficaram à margem. Theo de Barros - como a compositora Sueli Costa um dia desses - está morto. Você lembrava dele?
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