SILVIO OSIAS
Não há pragmatismo político que justifique foto de deputado petista sorridente ao lado de Pazuello
Publicado em 22/02/2023 às 6:36
A política não funciona sem pragmatismo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se compôs com quase todo mundo para governar entre 2003 e 2010. Repete agora no seu terceiro mandato. Mas algumas ultrapassagens não são permitidas.
Lula e Fernando Haddad foram além do pragmatismo aceitável quando tiveram Paulo Maluf como aliado na eleição de Haddad à prefeitura de São Paulo. O verbo malufar, o rouba mas faz, o estupra mas não mata. Não preciso desenhar.
Há um exemplo atual: a foto do deputado federal Washington Quaquá, do PT do Rio, sorridente ao lado do general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro e, agora, muitíssimo bem votado deputado federal pelo Rio.
A deputada Gleisi Hoffmann, presidente do PT, não gostou e foi às redes sociais dizer que, na vida e na política, tudo tem limites. Concordo, embora desconfie que Gleisi pode estar somente jogando para a arquibancada.
No Twitter, Gleisi Hoffman disse que a "foto do nosso companheiro deputado Quaquá com bolsonarista Pazuello é desrespeitosa com o PT e ofensiva às vítimas da Covid". Por sua vez, a reação de Quaquá, afirmando que, de direita ou de esquerda, jumento é jumento, foi extremamente grosseira, misógina e ofensiva à presidente do partido.
Vi Washington Quaquá na televisão tentando se explicar. Numa fala agressiva, justificou a foto com o argumento do pragmatismo político. Em resumo, disse que o presidente Lula também quer o voto de Pazuello na Câmara.
Foi Washington Quaquá que viabilizou o apoio de Waguinho a Lula no segundo turno. Prefeito de Belford Roxo, Waguinho tem muito voto no Rio, e a mulher dele - Daniela Carneiro, a Dani do Waguinho - agora é ministra do Turismo. Mas há contra ela fotos com milicianos, minimizadas pelo governo e pelo próprio presidente.
Será triste constatar que Washington Quaquá está usando a dose certa de pragmatismo.
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