SILVIO OSIAS
Não há Swinging London sem Marianne Faithfull
A cantora e atriz morreu aos 78 anos nesta quinta-feira, 30 de janeiro de 2025.
Publicado em 30/01/2025 às 18:46 | Atualizado em 30/01/2025 às 20:24
Marianne Faithfull morreu nesta quinta-feira, 30 de janeiro de 2025. A cantora e atriz britânica estava com 78 anos. A causa da morte ainda não foi divulgada.
Swinging London. Há muito o que lembrar sempre que se fala da efervescência cultural da capital da Inglaterra na segunda metade da década de 1960.
Gente do cinema, do teatro, das artes plásticas. Gente da música - cantoras e cantores, bandas, instrumentistas. Galerias, teatros, eventos.
Há figuras gigantescas, como Jimi Hendrix, um americano que foi para Londres e de lá se projetou para o mundo como o maior guitarrista de todos os tempos.
Há os Beatles e os Rolling Stones e o Who e o Cream de Eric Clapton e, nascendo, bandas como o Pink Floyd e o Led Zeppelin, que se consolidariam na década seguinte.
O italiano Michelangelo Antonioni foi para Londres fazer Blow Up com David Hemmings e Vanessa Redgrave. Quer coisa mais Swinging London do que Blow Up?
Marianne Faithfull é personagem dessa cena cultural londrina. Seu primeiro marido, John Dunbar, era dono da galeria Indica, onde, em 1966, John Lennon conheceu Yoko Ono.
Marianne se projetara dois anos antes cantando As Tears Goes By. Os autores dessa balada tão linda quanto tolinha eram dois caras de uma banda que estava começando.
Sabem quem eram eles? Sabem qual era a banda? Mick Jagger e Keith Richards. Os Rolling Stones. Mais tarde, separada de Dunbar, Marianne e Jagger foram namorados.
É sabido que Marianne Faithfull inspirou duas das canções mais populares dos Rolling Stones: You Can't Always Get What You Want e Wild Horses.
Duas mulheres marcaram fortemente os Rolling Stones da Swinging London: Marianne Faithfull e Anita Pallenberg. Italiana, atriz, Pallenberg morreu em 2017 aos 75 anos.
Anita Pallenberg está em Barbarella (1968) e Performance (1970). Contracenando com Alain Delon, Marianne Faithfull está em A Garota da Motocicleta (1968).
Há uma foto muito interessante do tempo de A Garota da Motocicleta. Num sofá, Alain Delon no canto esquerdo, e Mick Jagger no canto direito. Marianne entre os dois.
Claro que Jagger devia ser um homem irresistível, mas Marianne parece muito mais interessada em Delon, um dos homens mais belos do cinema, do que no namorado.
Marianne Faithfull está no Rock and Roll Circus que os Rolling Stones fizeram em 1968. Eles dividem o palco com John Lennon, The Who e os iniciantes do Jethro Tull.
Enquanto o Who estraçalha com A Quick One e Lennon leva Eric Clapton para ser seu guitarrista, Marianne faz somente um número com trilha pré-gravada.
Longe dos Rolling Stones, Marianne Faithfull fez carreira como cantora. Uma trajetória irregular, cheia de altos e baixos, drogas e necessárias reclusões.
Correu por fora, ficou à margem, mas era cultuada, nunca foi totalmente esquecida. Tinha um público que comprava seus discos e admirava seu canto denso e sombrio.
Marianne Faithfull não lançava um álbum há pelo menos uma década. Sobreviveu a uma covid severa e agora se foi aos 78 anos. Não há Swinging London sem ela.
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