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SILVIO OSIAS

No debate da Globo, Bolsonaro foi Bolsonaro. Lula ficou devendo uma performance melhor

Publicado em 30/09/2022 às 4:41 | Atualizado em 30/09/2022 às 8:27


                                        
                                            No debate da Globo, Bolsonaro foi Bolsonaro. Lula ficou devendo uma performance melhor

O debate na Globo com candidatos e candidatas a presidente começou às dez e meia da noite desta quinta-feira (29) e terminou perto das duas horas da madrugada desta sexta-feira (30). Antes, a pergunta que se fazia era que influência teria sobre o resultado do primeiro turno, no próximo domingo (02). Permitiria, por exemplo, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva saísse logo vitorioso, evitando um segundo turno com o presidente Jair Bolsonaro no dia 30 de outubro? Ajudaria na campanha do PT pelo voto útil, tirando votos sobretudo de Ciro Gomes? Faria aumentar a rejeição contra a qual luta o presidente Jair Bolsonaro?

Não me parece fácil responder. Sobre a decisão em primeiro ou em segundo turno, o que está posto é que chegamos às vésperas da eleição sem uma definição do que vai acontecer domingo. Fica muito complicado, então, concluir algo sobre o tamanho da influência de um debate como este. Com um agravante: é necessário considerar que, na realidade, houve dois debates - um mais agressivo, na primeira parte do programa, quando o horário certamente assegurava uma maior audiência, e um mais moderado, na segunda parte, quando, com absoluta certeza, o adiantado da hora já fizera a audiência diminuir.

A pesquisa que o Datafolha divulgou horas antes do debate já mostrava que a campanha pelo voto útil em Lula ainda não surtira grande efeito. A oscilação para baixo de Ciro Gomes era muito pequena. Francamente, não quero atribuir ao debate novas adesões ao voto útil caso elas ocorram nesses dois dias que agora nos separam da eleição. É mais provável crer que o comportamento agressivo de Bolsonaro com Lula possa aumentar um pouco a rejeição contra a qual o presidente se debate. Aliás, Bolsonaro também foi agressivo, embora bem menos, com a candidata Soraya Thronicke, nada comparável ao que fez com a jornalista Vera Magalhães na Band.

Não estou julgando conteúdo, mas desempenho. Mais uma vez, quem se saiu melhor foi a candidata Simone Tebet. Teve serenidade, articulação, soube expor propostas de governo - fez o que já havia feito no debate da Band, responsável muito provavelmente por seu crescimento nas pesquisas feitas em seguida. Simone tem se apresentado como representante de uma direita civilizada, que se enquadra no jogo democrático. Ela e Lula protagonizaram um dos melhores momentos do debate desta quinta-feira, quando discutiram sobre meio ambiente. Exibiram opiniões convergentes, que apontam para um muito provável apoio dela a ele num eventual segundo turno.

Bolsonaro é muito ruim. Bolsonaro é Bolsonaro. É difícil conter os seus impulsos. É um presidente que mente, e os analistas políticos dizem isso sem nenhum constrangimento, mostrando a que nível chegou a política brasileira. No debate, ele foi o que é - mentiroso e covarde. Agradou, certamente, ao bolsonarismo raiz. Mas é preciso reconhecer que Lula não teve um grande desempenho, o que acabou favorecendo Bolsonaro nas avaliações do debate. Lula estava nervoso no início do programa. Lula não estava totalmente à vontade. O treinamento não evitou que o ex-presidente escorregasse nas cascas de banana que Bolsonaro jogou no seu caminho.

Ciro Gomes estava menos agressivo do que era esperado. Bateu em Lula, mas poderia ter sido pior. Os dois até tiveram um momento bastante civilizado. Quase cordial. Soraya Thronicke teve boa performance, mas quem quiser que se engane com ela. Ou com Felipe d'Ávila, que jogava, ainda que com alguma sutileza, no time de Bolsonaro. Já o Padre Kelmon, que entrou de gaiato na campanha e, favorecido pela legislação, no debate, desempenhou escandalosamente o papel de auxiliar de Bolsonaro. Lula não poderia nunca ter caído na provocação de Kelmon. Um político com sua experiência tem o dever de não bater boca com um impostor como o candidato do PTB.

A presença do Padre Kelmon deixa claro que é preciso rever a legislação eleitoral no que diz respeito aos debates. Um candidato como ele não poderia estar ali. Sua única missão era tumultuar, atingindo o ex-presidente Lula, e ele acabou obtendo êxito, fazendo algo que Bolsonaro, por covardia ou por estratégia, não se dispôs a fazer. No fim, o debate da Globo ofereceu ao eleitor um retrato muito fiel do empobrecimento da política brasileira. Mas, como se costuma dizer, é o que temos para hoje, a dois dias do primeiro turno da eleição presidencial mais importante desde o fim do regime militar e o início da redemocratização do país.

Imagem ilustrativa da imagem No debate da Globo, Bolsonaro foi Bolsonaro. Lula ficou devendo uma performance melhor

Silvio Osias

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