SILVIO OSIAS
No Jornal Nacional, Bolsonaro se apresenta como um presidente que pode ser chamado de mentiroso
Publicado em 23/08/2022 às 10:20
Terça-feira, 23 de agosto de 2022. Faltam 40 dias para o primeiro turno da eleição presidencial. Haja ansiedade. Tanto para nós, que estamos do lado da democracia, quanto para os que estão do lado do golpismo. Ontem à noite, com Jair Bolsonaro, o Jornal Nacional (Foto/Reprodução) iniciou a série de entrevistas com os candidatos.
O Jornal Nacional exagera no tom quando entrevista candidatos a presidente. Sempre pensei assim. Continuo pensando. A questão não é candidato A ou candidato B. Não. Vale para todos. É uma opção editorial. Não foi, portanto, diferente nesta segunda-feira (22) com o presidente Jair Bolsonaro.
Bolsonaro na bancada diante de William Bonner e Renata Vasconcellos. Uma cena que já vimos na eleição de 2018. Só que, hoje, com mais hostilidades porque, ao longo desses quase quatro anos de governo, Bolsonaro se convenceu que a Globo não faz jornalismo, apenas bate nele. Enquanto a Globo, de fato, foi muito atacada pelo presidente.
A entrevista decepcionou muitos não bolsonaristas. Aqueles que queriam mais de Bonner e de Renata. Queriam que eles fossem pra porrada. Não foram. Não iriam jamais. A entrevista também decepcionou muitos bolsonaristas. Aqueles que queriam que Bolsonaro esculhambasse a Globo, Lula e ainda desse murros na mesa. Não o fez.
Bolsonaro no JN foi algo mais tranquilo do que desejavam esses dois lados. O presidente chamou Bonner de mentiroso, logo na primeira resposta, e Bonner deixou claro que foi ele, o presidente, que mentiu ao não admitir que xingou ministros do STF. Sabemos que sim - Barroso de filho da puta, Alexandre de Moraes de canalha.
De todo modo, mesmo que os entrevistadores tenham sido duros, mesmo que o entrevistado não tenha se intimidado nas respostas, a entrevista foi morna. E não me parece que tenha sido ruim para Bolsonaro. Posso até imaginar que ele não conquistou novos eleitores, mas duvido que tenha perdido algum voto.
Para os que estão com a democracia, foi, contudo, um espetáculo triste. Seja qual for o tom, é sempre triste quando é Bolsonaro que está falando. Fica sempre a pergunta: Por que o Brasil elegeu esse homem para presidente? Um ser humano desprezível. Um presidente que seus críticos podem chamar de mentiroso. E estarão falando a verdade.
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