SILVIO OSIAS
No planeta de Mônica Salmaso, o lugar que ela ocupa é o máximo
Publicado em 27/02/2023 às 6:53
Mônica Salmaso (Fotos/Reprodução) faz aniversário nesta segunda-feira (27). No domingo, a Folha publicou a entrevista que Mônica Bergamo fez com a cantora nascida em São Paulo há 52 anos. Desde setembro de 2022 que Salmaso está em turnê com Chico Buarque como convidada permanente do compositor no show Que Tal um Samba?. É um momento muito especial da carreira iniciada na segunda metade dos anos 1990, quando, ao lado do violonista Paulo Bellinati, lançou uma versão de voz e violão dos imprescindíveis Afro-Sambas, de Vinícius de Moraes e Baden Powell.
Acompanho Mônica Salmaso desde aquele álbum em que se debruça sobre os Afro-Sambas. Ouvi o disco certo de que estava diante de uma extraordinária promessa para o canto brasileiro. Os anos seguintes e a discografia que foi sendo construída por ela somente confirmaram minha percepção inicial. Olhando de longe (25 anos já se passaram!), com a experiência de ouvi-la em todos os seus discos e vê-la algumas vezes no palco, confirmo que, se pensarmos nas cantoras surgidas no Brasil das últimas três décadas, raríssimas alcançaram a dimensão de Mônica. Talvez nenhuma.
Técnica e emoção. Uma obviedade a que todos recorrem quando querem falar sobre uma grande voz. Mas é isso mesmo. Técnica e emoção, as duas coisas fundidas na medida certa - o que Mônica nos oferece tanto nos estúdios quanto nos palcos. A emissão perfeita, a afinação impecável, a voz belíssima. É o que Edu Lobo e Dori Caymmi viram nela (Edu, particularmente encantado com a beleza do seu timbre). É o que fez Chico Buarque convidá-la para a parceria em sua nova turnê. Acrescento que o convite de Chico há de ter passado pelas acertadíssimas escolhas que Mônica fez em sua carreira.
A turnê de Chico Buarque começou por João Pessoa nos dias seis e sete de setembro do ano passado. Depois de passar pelo Rio de Janeiro, alcança a sua etapa final, agora em março e abril, com a temporada em São Paulo. Coincide com a chegada de mais um álbum de Mônica ao mercado em edição física. O CD, intitulado Milton (Biscoito Fino), traz o encontro da voz dela com o virtuosismo do piano de André Mehmari, os dois lindamente debruçados sobre o repertório (não necessariamente autoral) de Milton Nascimento. É mais uma das muitas escolhas acertadas de Mônica Salmaso.
Destaco, por fim, um trecho da entrevista de Mônica Salmaso a Mônica Bergamo que a Folha publicou neste domingo: "Fazendo o que eu faço, o lugar onde estou é dos melhores neste momento. ‘Ah, mas não é um lugar da fama’. No meu planeta, esse lugar é o máximo. Tenho autonomia sobre o meu trabalho, vivo dele e tenho um público formado, bonito". Como é bom fazer parte desse público que Salmaso formou com a excepcional qualidade do seu canto e com a extrema beleza do que elegeu para gravar e fazer ao vivo.
Fecho com Mônica Salmaso e André Mehmari fazendo A Lua Girou, um momento do CD Milton.
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