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SILVIO OSIAS

Num filme, ele mostrou que nos Estados Unidos branco é branco e preto é preto

Publicado em 23/01/2024 às 8:35 | Atualizado em 27/01/2024 às 7:59


                                        
                                            Num filme, ele mostrou que nos Estados Unidos branco é branco e preto é preto

Morreu aos 97 anos o cineasta Norman Jewison. Foi no sábado, 20 de janeiro de 2024, mas a família só fez o anúncio nesta segunda-feira (22) e não divulgou a causa da morte. Canadense, Jewison fez carreira nos Estados Unidos.

Quem viu cinema nos anos 1960, 1970 e 1980, pode não ter o nome de Jewison na memória, mas é muito provável que tenha visto seus filmes. Se pensarmos nos mestres absolutos do cinema americano, ele não era um diretor do primeiríssimo time, mas tinha o respeito da crítica e do público e fez muito sucesso com alguns dos seus filmes.

No Calor da Noite é o filme mais importante de Norman Jewison. Abordou o tema do racismo com rigor e coragem e mostrou ao mundo que, nos Estados Unidos, branco é branco e preto é preto. O filme, de 1967, põe frente a frente, em posições antagônicas, os personagens vividos por dois grandes atores, Sidney Poitier e Rod Steiger.

No Calor da Noite tem ainda a música cantada por Ray Charles - In The Heat of the Night - e a trilha composta e arranjada por Quincy Jones. Disputou o Oscar de melhor filme num ano em que Sidney Poitier esteve no auge com Ao Mestre com Carinho e Adivinhe Quem Vem Para Jantar, outros dois filmes sobre racismo.

Norman Jewison realizou Crown, O Magnífico em 1968, logo após o êxito extraordinário de No Calor da Noite. Um pouco depois, em 1971, veio Um Violinista no Telhado, musical de grande sucesso comercial. A notável ficção científica Rollerball, Os Gladiadores do Futuro, de 1975, também tem a assinatura de Jewison.

Na década de 1980, vamos encontrar Jewison dirigindo A História de um Soldado (1984), Agnes de Deus (1985) e Feitiço da Lua (1987). Entre 1963 e 2003, realizou 24 filmes. O meu preferido? Jesus Cristo Superstar, que, em 1973, levou para o cinema a ópera-rock de Andrew llod Webber e Tim Rice.

Nos cinemas, num velho projetor de 16 milímetros operado pelo meu pai em salas da UFPB, em VHS, DVD ou Blu-ray. Vi Jesus Cristo Superstar dezenas de vezes e ainda quero ver mais. É profundamente evocativo de um tempo meu e, por isso, me é tão caro. Tenho guardados na memória cada fotograma e cada som de Superstar.

Disse, lá em cima, que Norman Jewison, se pensarmos em gente como Ford ou Scorsese, não era um diretor do primeiríssimo time. Verdade. Não era. Ele pertenceu a uma outra linhagem. A dos artesãos. Do artesanato da realização de um filme, sabia tudo, tinha domínio total. Creio que assim será lembrado.

Imagem ilustrativa da imagem Num filme, ele mostrou que nos Estados Unidos branco é branco e preto é preto

Silvio Osias

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