SILVIO OSIAS
O Brasil está agonizando, mas a gente não pode permitir que ele morra
Publicado em 28/05/2021 às 8:23 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:51
Essa imagem, do dia 31 de janeiro de 2021, me comoveu.
Nelson Sargento, 96 anos, lenda do samba e da Mangueira, sendo vacinado contra a Covid-19.
Na máscara branca, o escudo do Vasco, seu time.
Ele foi ali como um símbolo do Rio de Janeiro, levado quando a prefeitura da cidade iniciou a vacinação dos idosos.
A segunda dose, tomou em casa.
Nesta quinta-feira (27), a Covid o levou.
Os que estão ficando velhos, como eu, viram Cartola e Nelson Cavaquinho na Comissão de Frente da Mangueira.
Sim. Cartola, de As Rosas Não Falam.
Sim. Nelson Cavaquinho, de Juízo Final.
Os que estão ficando velhos, como eu, pararam diante da TV, por anos e anos, em tantos carnavais, para ouvir Jamelão cantar o samba
da escola.
Puxador de samba? Jamais!
Era uma ofensa a esse imenso cantor.
Estação Primeira de Mangueira.
Vejam que coisa linda.
Estação Primeira de Mangueira.
"Habitada por gente simples e tão pobre/que só tem o céu que a todos cobre/como podes Mangueira cantar?" - diz a letra do samba.
A morte de Nelson Sargento faz a gente pensar nessas coisas como fortes símbolos nossos, desses que nos orgulham tanto.
"O samba agoniza, mas não morre" - ele cantava.
Nelson Sargento morreu de Covid, mesmo imunizado, num momento em que o Brasil agoniza.
Agoniza por causa da pandemia.
Agoniza porque está desgovernado.
A gente não pode permitir que o Brasil morra.
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