SILVIO OSIAS
O Brasil torce muito contra o sucesso dos brasileiros. Viva Anitta e o que ela representa
Publicado em 18/04/2022 às 10:23
Anitta é notícia o tempo todo. No final de semana, foi seu show no Coachella, na Califórnia. Ela vestiu as cores da nossa bandeira, dizendo que elas - as cores e a bandeira - são de todos nós. Jair Bolsonaro usou as redes sociais para concordar. Anitta bloqueou o presidente no Twitter e ainda deu um fora nele. Bem feito! Bolsonaro, com seu cinismo habitual, usa desses expedientes para confundir as pessoas.
Anitta foi além. Questionou o "fora Bolsonaro". Lembrei de um amigo sociólogo que, em 2018, me disse que o "ele não" era má estratégia. Acabaria se voltando contra Haddad. Pois bem, Anitta agora defende o argumento de que o "fora Bolsonaro" potencializa o nome do presidente na campanha paras as eleições de outubro próximo. Devemos, no mínimo, prestar atenção na sua tese.
Li, dias atrás, uma crítica negativa sobre o novo álbum de Anitta, Versions of Me. Faltava unidade, dizia o crítico. Ora, o título do disco sugere justamente que ele é uno porque não tem unidade. Em suma: reúne versões distintas da artista. Parece tão simples!
O Brasil costuma reagir muito mal ao sucesso das pessoas. A esquerda, os intelectuais, então, são doutores nisso. São muito caretas. Não caio nessa, não. Acho Anitta incrível. E, ainda mais, ela está do lado certo. Do lado da democracia, do Brasil que possa mandar embora esses tempos sombrios em que vivemos.
No Instagram, assinado por @carneirosim, li algo sobre o show de Anitta no Coachella e transcrevo aqui, fechando a coluna:
"Anitta é a mais nova fonte de orgulho desse Brasil. Ontem ela foi o Olodum no Pelourinho com Michael Jackson, foi Chico Science em Nova York quando apresentou o Maracatu Atômico com um caboclo-de-lança no palco. Foi bossa nova de Tom Jobim, foi tico-tico no fubá de Carmem Miranda. A Mangueira entrando na avenida. Anitta consegue inserir o brasileiro como latino-americano. Moderno. Atual. Repleto de beats. Colocou Sérgio Mendes no repertório, misturou com a capoeira, essa que já foi marginalizada, feito o samba, feito o funk, feito o corpo feminino. Anitta foi Elza Soares, foi Gilberto Gil recebendo o título de imortal, foi Marighella, foi o filme de Lázaro Ramos. Foi eu. Foi você. Foi todos os brasileiros que buscam viver em um país humano, criativo e feliz. É nesse Brasil que quero viver. Nesse Brasil de Anitta".
@carneirosim, que assina o texto, é de Honório Gurgel, o lugar onde Anitta Nasceu.
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