O cara que fez Caetano Veloso perder o medo da música completa 70 anos

O violoncelista, arranjador e produtor musical Jaques Morelenbaum fez 70 anos no sábado, 18 de maio de 2024. Ele também está comemorando 50 anos de carreira.

Jaques Morelenbaum vem de uma família de músicos. Seu pai era o maestro Henrique Morelenbaum. Sua mãe, a professora de piano Sarah Morelenbaum. Eduardo, seu irmão, é maestro. Lucia, sua irmã, é clarinetista da Orquestra Sinfônica Brasileira.

Jaques Morelenbaum também formou uma família de músicos. Sua mulher é a cantora Paula Morelenbaum. Sua filha Dora é cantora e integrante da banda Bala Desejo.

Há 50 anos, vamos encontrar Jaques Morelenbaum e seu cello na banda A Barca do Sol. O grupo misturava rock progressivo com música popular brasileira.

Jaquinho, como é conhecido entre os amigos e no meio musical, logo botou os sons do seu instrumento na música e no grupo de Egberto Gismonti, com quem gravou vários discos e excursionou pelo mundo.

O passo seguinte foi a banda de Tom Jobim. Em seus últimos anos, Tom teve Morelenbaum ao seu lado, tocando em estúdios e palcos. É dele o violoncelo que se ouve em álbuns como Tom Jobim Inédito, Passarim e Antônio Brasileiro.

De Tom Jobim para Caetano Veloso. Em 1992, quem abria o show Circuladô era o cello de Morelenbaum. Ele fazia um solo incrível, sozinho no palco, e aí Caetano entrava cantando Os Mais Doces Bárbaros.

Jaques Morelenbaum trabalhou com Caetano Veloso por mais de uma década, tocando, arranjando e produzindo. Sua assinatura está tanto nos discos autorais Livro e Noites do Norte quanto nos álbuns de intérprete Fina Estampa e A Foreign Sound.

Em Livro, foi Morelenbaum que traduziu magistralmente a ideia de Caetano de fundir a percussão da música baiana com a sonoridade dos antológicos arranjos que, um dia, o maestro Gil Evans escreveu para Miles Davis, gênio do jazz.

Fora do Brasil, Morelenbaum trabalhou com o músico japonês Ryuichi Sakamoto. Juntos, gravaram dois tributos a Tom Jobim. Também integrou a banda de Sting no show All This Time, registrado em CD e DVD.

Depois da morte de Tom Jobim, Jaquinho fundou o Quarteto Jobim Morelenbaum, que preserva a memória de Tom e difunde sua música no Brasil e no exterior.

São de Jaques Morelenbaum a produção e os arranjos de Mina D'Água do Meu Canto, o álbum de 1995 em que Gal Costa se debruça sobre o repertório de Caetano Veloso e Chico Buarque.

É dele o cello que se ouve em Invento +. O álbum registra em estúdio o conteúdo do show que Zélia Duncan e Jaques Morelenbaum fizeram sobre o repertório de Milton Nascimento, a partir de uma ideia do lendário produtor Andre Midani.

Em Morelenbaum, há tanta coisa mais. Há, ainda, o Cellosam3atrio, que excursiona pelo mundo. E há sua assinatura em centenas de discos como produtor, arranjador e instrumentista.

Jaques Morelenbaum botou o cello dentro da MPB e deu ao instrumento um status que ele não tinha dentro da música popular que os brasileiros produzem para nossa alegria e para consumo do mundo.

Jaques Morelenbaum fez com que Caetano Veloso perdesse o medo da música. Quem diz é o próprio Caetano.