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SILVIO OSIAS

O CD morreu em 2021. Resistiu um bocado, mas acabou morrendo!

Publicado em 14/12/2021 às 7:08 | Atualizado em 14/12/2021 às 15:50


                                        
                                            O CD morreu em 2021. Resistiu um bocado, mas acabou morrendo!

				
					O CD morreu em 2021. Resistiu um bocado, mas acabou morrendo!

O CD morreu em 2021. 2021 é o ano que tomo como referência para declarar a sua morte. Para muita gente, já está morto há vários anos. Este texto reúne anotações sobre a vida e a morte dessas queridas bolachinhas prateadas.

A revista Som Três foi que me trouxe as primeiras informações sobre o Compact Disc. Segunda metade dos anos 1970. Um disquinho cor de prata que tomaria o lugar das nossas bolachas de vinil. Um facho de laser substituiria a agulha. Um disco sem ruídos. Digital, não mais analógico. E com uma capacidade de armazenamento muito maior. Num CD caberia a Nona Sinfonia de Beethoven sem interrupções. Girava ao contrário, tocava do centro para a borda, só tinha um lado. O projeto reunia os holandeses da Philips e os japoneses da Sony.

Quem primeiro me relatou a experiência de ouvir um CD foi Egberto Gismonti. Setembro de 1983. Ele era do cast da ECM, gravadora norueguesa, e, no Natal de 1982, recebera CDs de presente. Achou os sons altos muito altos, e os baixos muito baixos.

Comprei meus primeiros CDs no início de 1987, motivado pelo lançamento no formato da discografia dos Beatles. Gostei da limpeza do som, mas alguns CDs, totalmente metálicos, oxidaram rapidamente - um problema que só foi resolvido com o tempo, com o aperfeiçoamento da fabricação.

Naquela época, ainda não havia CDs fabricados no Brasil. O mercado só disponibilizava produtos importados, e eles eram muito caros. Os nacionais chegaram logo depois. A então PolyGram lançou a série Personalidade, com coletâneas dos principais nomes do seu elenco (Caetano, Gil, Chico, Gal, Elis, Bethânia).

O resto é História. O CD tomou conta do mercado, mandou os discos de vinil embora e dominou a indústria fonográfica por, pelo menos, mais de duas décadas. Aí veio o terremoto digital que varreu o planeta, e o compact disc começou a se tornar obsoleto.

O CD tirou o vinil de circulação, mas não matou o conceito de álbum. Disco com capa, com começo, meio e fim. Era assim no LP. Era assim no CD. Não é mais assim na cabeça de garotos e garotas que cresceram depois do ano 2000, lidando com outros modos de ouvir música.

Em 2021, acrescentei uns 150 CDs à minha coleção. Novos? Pouquíssimos. A maioria, comprei em lojas que trabalham com usados - uns anos atrás, algo impensável para mim. No Brasil, as multinacionais do disco praticamente saíram do mercado. Caetano Veloso lançou um disco novo (Meu Coco, primoroso!), e não há edição física no Brasil, ao menos por enquanto.

Fecho com uma lembrança de 11 anos atrás. Em 2010, depois de um show de Gilberto Gil na praia de Tambaú, sentei para comer alguma coisa com Chico César. Conversa vai, conversa vem, ele me disse: "Você é um homem do século passado. Ainda compra CD". A frase confirma que demorei demais a assimilar a morte do CD.

Imagem ilustrativa da imagem O CD morreu em 2021. Resistiu um bocado, mas acabou morrendo!

Silvio Osias

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