SILVIO OSIAS
O golpismo de Bolsonaro brochou no 7 de Setembro do Bicentenário da Independência
Publicado em 08/09/2022 às 7:56
A foto (Reprodução) que abre a coluna é um escárnio. Sabem essas coisas que podem parecer pequenas, mas que têm um simbolismo gigantesco? É o que há nessa imagem. No palanque do desfile de 7 de Setembro em Brasília, entre o presidente Jair Bolsonaro e o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, está o empresário Luciano Hang. O Véio da Havan, como é conhecido, está sendo investigado por causa de manifestações golpistas. Quem devia estar ao lado do presidente brasileiro era o presidente português, que veio ao Brasil comemorar os 200 anos da nossa Independência, jamais um empresário que não se constrange em desrespeitar a Constituição.
Outro momento de forte simbolismo, por seu machismo inaceitável, pelo seu caráter chulo, foi quando Bolsonaro, diante de uma multidão de apoiadores, repetiu várias vezes e gratuitamente uma palavra ainda não dicionarizada que ele gosta de usar: "Imbrochável, imbrochável, imbrochável...". Sabem aqueles caras que falam muito de gays porque no fundo são gays? Pois é. O pessoal da psicologia dirá o mesmo desses homens que bradam que são imbrocháveis, como Bolsonaro costuma fazer. Ninguém é imbrochável, e esses homens fogem de uma brochada como o diabo foge da cruz.
O Brasil que a gente conheceu acabou. Morreu. O Brasil que a gente conheceu precisa renascer. Não sei como, mas que precisa, precisa. O 7 de Setembro do Bicentenário da Independência só não foi inacreditável porque o presidente se chama Jair Bolsonaro, de quem tudo se espera. Mas foi um retrato fidelíssimo da nossa tragédia. O presidente que se diz patriota largou mão de uma festa que deveria unir todos os brasileiros e promoveu, no lugar, um comício em favor da sua reeleição. Ou dois comícios (em Brasília e no Rio). E ainda conseguiu envolver parte das Forças Armadas nos eventos. Desobedeceu à Justiça Eleitoral, mas é improvável que seja punido.
Voltemos ao imbrochável. O 7 de Setembro era esperado ansiosamente pelos bolsonaristas como a data de um provável golpe. Um golpe que acabaria com a eleição e manteria Bolsonaro no poder só Deus sabe como o quê. Nunca acreditei que isso ocorreria. Até aqui, o presidente, que o general Ernesto Geisel chamou de mau militar, parece ser do tipo "cão que ladra não morde". Fala, fala, ameaça, fica bravo, grita, diz que vai fazer e acontecer e, na hora, brocha. Não percamos o trocadilho que me ocorreu durante todo o feriado da Independência: o golpismo do presidente Jair Bolsonaro brochou no 7 de Setembro do Bicentenário.
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