O "Matador" está morto! JLL, o último dos fundadores do rock, tinha 87 anos

Um cantor branco. Dois guitarristas, um preto e um branco. Dois pianistas, um preto e um branco. Se quisermos resumir o rock'n' roll, no momento da sua criação, será através desses cinco artistas extraordinários. Um cantor branco: Elvis Presley morreu aos 42 anos, em 1977. Dois guitarristas, um preto e um branco: Chuck Berry morreu aos 90 anos, em 2017; Carl Perkins morreu aos 75 anos, em 1998. Dois pianistas, um preto e um branco: Little Richard morreu aos 87 anos, em 2020; Jerry Lee Lewis morreu aos 87 anos, nesta sexta-feira (28).

O rock'n' roll que conquistou o mundo em meados da década de 1950 é uma fusão da música dos pretos com a dos brancos dos Estados Unidos. Há quem faça a seguinte síntese: é a soma do rhythm and blues dos pretos com o country and western dos brancos. É boa tradução. Talvez a que melhor explique esse ritmo alucinado que tomou conta dos Estados Unidos e, logo depois, do mundo inteiro. E que, submetido a muitas transformações e mais tarde chamado apenas de rock, ainda sobrevive quase 70 anos desde a sua explosão.

Jerry Lee Lewis foi uma das grandes encarnações do rock. Em primeiro lugar, pela música que produziu. Tocava piano e cantava com assinaturas muito peculiares, verdadeiramente únicas. Tinha performance singular e arrebatadora nas apresentações ao vivo. Diante do seu piano, era um artista incendiário. Não deixou um vasto repertório autoral, mas o rock não existiria sem números como Whole Lotta Shakin' Goin On e, sobretudo, Great Balls of Fire, irresistível rock'n' roll com letra de indisfarçável duplo sentido.

Jerry Lee Lewis ficou conhecido como The Killer. O Matador. Essa alcunha tinha a ver com o modo com que, como artista, se colocou no cenário de fundação do rock'n' roll. Mas dizia respeito também a uma outra coisa: ao transgressor que ele era, seja quando casou com uma menina de 13 anos, seja quando descumpriu contratos e deixou a plateia a ver navios. Suas transgressões certamente não são merecedoras de aplausos. Mas, de todo modo, em maior ou menor escala, se identificavam com a própria rebeldia do rock.